Além de dar meus parabéns ao jornal, gostaria de transcrever um relato, que saiu nesta edição, feito pelo capitão são-paulino Rogério Ceni, onde ele fala sobre a final do mundial de 2005.
Não poderia começar esse relato sem citar a noite que antecedeu a decisão. Por volta das 23h, nos reunimos em uma das enormes salas do luxuoso hotel em Yokohama. Paulo Autuori comandou uma das melhores palestras técnicas e motivacionais que participei da na carreira. Entrei na sala com dúvidas e receios, saí com esperança e convicção.
Noite de sono tranqüila, exceto pelo joelho esquerdo que, lesionado, dava sinais claros da necessidade de uma intervenção cirúrgica.
Acordei tarde na manhã seguinte, próximo à hora do almoço, que durou mais do que habitualmente, pois o tempo parecia não sair do lugar. E também, é claro, pelo bate-papo costumeiro, entre xícaras e xícaras de café, com Lugano, Milton Cruz, e os demais companheiros.
Na volta ao quarto percebi as portas todas entreabertas, pois aquela parte do andar estava reservada para nós, atletas do São Paulo. O tempo se aproximava, misterioso e impenetrável.
Chegamos ao estádio onde ainda acontecia a partida entre Al-Ittihad (SAU) e Deportivo Saprissa (CRC), pela disputa do terceiro lugar do Mundial. Impressionante a organização da Fifa, minutos exatos para aquecimento, posicionamento dos atletas e entrada para o campo de batalha.
Começo de jogo tenso, primeira chance de gol com Morientes. Equilíbrio, concentração, passe perfeito de Aloísio, domínio e conclusão precisa de Mineiro. Caia a invencibilidade de 11 jogos sem sofrer gols dos que vestiam vermelho. Daí em diante, só lembro da pressão sofrida durante toda a partida. Bolas na trave, Lugano, Edcarlos e Fabão, gigantes naquela noite, gols anulados, grandes defesas... Sabia que se eles empatassem, não suportaríamos a prorrogação.
Lembro do apito final, lembro daqueles caras, guerreiros vestidos de branco, venceram. Entramos para a história, derrubamos o gigante, jogamos com alma e ficamos para a eternidade.
A maior vitória da minha vida.
- Por, Rogério Ceni, maior goleiro-artilheiro do mundo, jogador que mais vezes vestiu a camisa do São Paulo F.C., capitão das conquistas do Mundial de 2005, Libertadores de 2005 e Brasileirão de 2006.
Créditos: Lance! Edição histórica de 10 anos.
Redator: Marco Miranda
marco_mirand@yahoo.com.br
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