
O técnico do Timão, Mano Menezes, fez aquilo que já vinha fazendo há alguns jogos. Na hora de dar a sua escalação, soltou mais de 11 nomes na lista. Na semifinal contra o São Paulo, ele divulgou a relação com 13 atletas. Agora, foram 12: para a vaga de Dentinho, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, o treinador escreveu “Morais ou Diego”. Mas na hora de sair do vestiário, nenhuma surpresa: Morais entre os titulares, como foi durante toda a semana de treinamento.
Do lado do Santos, Vagner Mancini não tinha surpresa. Sem Rodrigo Souto, machucado, e Roberto Brum, suspenso, Pará e Germano foram os volantes. Em desvantagem, o Peixe apostava na força da Vila Belmiro. No estádio lotado, eram 17 mil santistas contra pouco mais de mil corintianos. Num dos camarotes, um tradicional pé-quente: Pelé completaria três anos sem ver uma derrota do seu time em casa. Ele nem imaginava o que veria pela frente...
Com a bola rolando, os dois times mostraram que apostariam no ataque. Pelo Peixe: Madson, Neymar e Kléber Pereira; pelo Timão: Morais, Jorge Henrique e Ronaldo. E o Corinthians começou mais eficiente. Enquanto Kléber Pereira perdia gols e ficava impedido, Jorge Henrique corria o campo todo ajudando até a recompor a defesa.

O Santos sentiu o golpe. E quando ameaçava se recompor, tomou o segundo. Aos 24, na tentativa de aliviar o perigo, Chicão deu um bico – como ele mesmo confessaria depois – para a frente. A bola caiu no pé de quem conhece. Ronaldo dominou com classe e, mesmo com cinco santistas ao seu redor, tocou para o gol de Fábio Costa: 2 a 0.
O Peixe demorou mais um pouco para reagir. Mas reagiu. E aí começou a brilhar a estrela de Felipe. No dia internacional do goleiro, o camisa 1 do Timão fez quatro defesas sensacionais só no primeiro tempo: saiu no pé de Kléber Pereira, pegou chute cara a cara com Neymar, desviou finalização de Triguinho com o pé e pegou uma bola de Fabão que entraria no cantinho. A cada defesa, vibrava como um gol.
Reação santista e genialidade de Ronaldo
No segundo tempo, Mano trocou Jorge Henrique por Fabinho e parecia querer garantir o placar. Já Vagner Mancini incendiou a sua equipe no vestiário. E o Peixe voltou com tudo para cima do rival e Fabiano Eller quase marcou de cabeça. Pressionando e empurrado pela torcida, o Santos encurralou o adversário no seu campo. Quem assistia ao jogo poderia até prever que o gol era questão de tempo. Demorou 15 minutos. Triguinho foi lançado na ponta-esquerda, olhou para a área e cruzou forte. Felipe, na tentativa de cortar, tocou contra o próprio gol. E a Vila incendiou!
A partir daí, só dava Santos. Felipe salvava, Neymar perdia, Chicão dava carrinho, Kléber Pereira errava o alvo, Madson arriscava, André Santos ajudava... Um sufoco! A torcida, percebendo que só dava Peixe, foi junto: empurrou, incentivou, só faltou entrar em campo para cabecear. Pelé, que passou boa parte do jogo quieto, agora gesticulava, conversava com pessoas no seu camarote...

O Ronaldo fez a diferença. O segundo gol foi digno de Copa do Mundo - rendeu-se Pelé.
O relógio mostrava 31 minutos. Pelé se levantou e foi embora. Daí até o fim, foi só festa dos corintianos. Quando o juiz apitou, Ronaldo agradeceu o elogio do Rei:
- É um sonho fazer gol onde o Pelé fez tantos e ser Rei nem que seja por um dia.
Ficha técnica
SANTOS 1 x 3 CORINTHIANS | |
Fábio Costa, Luizinho, Fabão, Fabiano Eller e Triguinho; Pará (Maikon Leite), Germano e Paulo Henrique (Róbson); Neymar, Kléber Pereira (Roni) e Madson. | Felipe; Alessandro, Chicão, William e André Santos; Cristian (Túlio), Elias, Morais e Douglas (Boquita); Jorge Henrique (Fabinho) e Ronaldo. |
Técnico: Vagner Mancini | Técnico: Mano Menezes |
Gol: Chicão, aos 10, e Ronaldo, aos 24, minutos do primeiro tempo; Triguinho, aos 15, e Ronaldo aos 31 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Pará (3º), Fabão (3º) e Germano (Santos); André Santos, Elias, Cristian, Morais e Chicão (3º) (Corinthians). | |
Público: 17.259 pagantes . Renda: R$ 1.044.350,00 | |
Estádio: Vila Belmiro, Santos. Data: 25/4/2009. Árbitro: Wilson Luiz Seneme. Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Everson Luiz Luquesi Soares |
Fonte: Globo.com e Terra
Fotos: Agência Lance e Gazeta Press
Comentários da Redação
Visão Santista > Os tais detalhes fizeram a diferença
por Ricardo Pilat - ricardo.pilat@yahoo.com.br
Dizem tanto que um clássico é decidido em detalhes e hoje foi mesmo. Os detalhes foram as falhas individuais da defesa santista e a genialidade de Ronaldo, que não precisou tocar mais de três vezes na bola para arrebentar com o Santos.
Para o jogo do Corinthians, um gol no começo sempre é muito bem-vindo e aquele feliz arremate de Chicão foi muito importante para o time de Mano Menezes, que pôde recuar, esperar o time santista na defesa e aproveitar o contra-ataque que foi mortal por duas oportunidades.
Não acho que o Santos fez um jogo ruim. Pelo contrário. Os laterais participaram bem do jogo, até por que foram forçados a isso. Madson deu muito trabalho à defesa corintiana. E, apesar dos pesares, o Peixe criou, no minímo, umas três chances reais de gols. Mas se o dia era de Ronaldo, não pode se dizer o mesmo de Kléber Pereira, novamente muito infeliz.
E quando o Santos fez 2 a 1 o time cresceu junto com a torcida e estava próximo de um empate que seria até justo naquele momento, mas Ronaldo mostrou que é fora de série e fez um baita golaço. Gol que deixou todos sem ação naquele momento, inclusive este que vos fala. E não dá para dizer que o placar foi injusto.
O resultado de 3 a 1 praticamente decretou o título corintiano, mas nada é impossível no futebol, nem mesmo vencer um time invicto no ano, por 3 gols de diferença (sendo que o Corinthians ainda não levou essa quantidade de gols na temporada) e ainda na sua casa. Claro, todas as bolas que hoje não entraram terão que entrar, enquanto a defesa precisará estar ligada em Ronaldo durante 90 minutos. Missão dura, hein?
A chance é remota mas, antes de desistir, torcedor santista, lembre-se que a coisa poderia ser pior. Lá em Minas, os atleticanos que o digam...
Conceitos
Fábio Costa - PÉSSIMO: Não digo que a culpa pelos gols foi dele, seria até injusto com Ronaldo e Chicão, mas ele falhou nos três lances.
Luizinho - REGULAR: Acabou sendo muito mais exigido do que devia.
Fabão - PÉSSIMO: Levou a pior no duelo com Ronaldo.
Fabiano Eller - PÉSSIMO: Não jogou como zagueiro, quis se aventurar no ataque, deixando muitos espaços.
Triguinho - ÓTIMO: Mais uma vez jogou muito bem. Foi obrigado a participar mais do jogo após o placar se dilatar e acabou até marcando um golzinho. Mostrou muita vontade e está de parabéns.
Pará - REGULAR: Não participou muito do jogo.
(Maikon Leite) - BOM: Nos poucos minutos em campo fez muito mais do que o Neymar, por exemplo. Não estranharia se ele for titular no jogo do Pacaembu.
Germano - REGULAR: Às vezes acerta, às vezes não... nessa montanha russa é difícil confiar nele.
Paulo Henrique - REGULAR: Vinha muito marcado e abusando de jogadas individuais, mas acho que ele não deveria ter saído naquele momento, muito menos sendo substituído por Róbson.
(Róbson) - BOM: Não era hora dele entrar no jogo, mesmo assim até que criou perigo e quase fez um gol.
Neymar - PÉSSIMO: Sim, ele tem apenas 17 anos, mas acho que se ele é titular do Santos deve ser cobrado como tal. Jogou muito mal e esteve longe de ser o craque que a torcida espera.
Kléber Pereira - PÉSSIMO: Perdeu duzentas chances de gols, sem contar as outras duzentas em que estava impedido. O conceito não poderia ser outro.
(Roni) - PÉSSIMO: Não consegue dominar uma bola.
Madson - BOM: Jogou muito bem novamente. Só que ele não pode jogar tão sozinho e isolado, pois ele não é o jogador que decide a partida. Seria pedir demais dele.
Téc: Vagner Mancini - REGULAR: Escalou o time certinho, mas teve o azar de ver todo o esquema tático desmoronar no primeiro tempo. Achei que falhou nas substituições. A missão para semana que vem será muito dura e acredito que Mancini deve considerar algumas alterações na equipe titular.
Visão Corintiana > Resultado fenomenal!
por Pedro Silas - pedro_sccp@hotmail.com
Jogando na Vila Belmiro um empate, pelo menos pra mim, seria encarado como um resultado muito bom, uma vitória simples então, seria excelente. Mas uma vitória por 3 a 1 com dois golaços do fenômeno, não poderia ser melhor. Agora pode perder até por 2 a 0 e ainda será o campeão.
O título está perto, e isso não tem como negar. Mas precisa entrar para vencer no Pacaembu também. Primeiro porque no futebol sabemos que nada é impossível, e o Santos pode sim reverter o placar. Segundo porque ser campeão vencendo, mesmo não precisando, é mais gostoso.
Falando sobre o jogo de hoje, os dois zagueiros corintianos, juntamente com o Felipe, fizeram uma atuação impecável. Eu era um dos que não confiavam tanto no camisa 1 do Timão, pelo fato de parecer que entra nervoso em decisões. Mas não tenho do que reclamar, muito pelo contrário, ele foi um monstro em campo, a ponto da pequena falha dele no gol ser totalmente ignorada. A vibração que o arqueiro corintiano mostrou nas defesas também é muito importante.
E falar do Ronaldo é chover no molhado. O cara é GÊNIO. É decisivo demais. O que falar dos dois golaços dele? No primeiro ele matou a bola com uma categoria raríssima, e definiu muito bem de canhota. O segundo foi uma pintura, gol de placa. Recebeu, teve paciência, fintou o Triguinho e bateu por baixo da bola, também de canhota, sem chances para o Fábio Costa, que já estava bem adiantado.
O time que o Mano Menezes colocou em campo era mesmo o ideal. Quando vi o Diego como opção para entrar no lugar do Dentinho, tomei um susto, mas o Mano fez o certo e colocou o Morais (que foi meio apagado). Mas o técnico do Timão errou nas mexidas.
A saída do Jorge Henrique foi correta porque o próprio jogador pediu para sair porque sentiu dores. Mas não dá para colocar o Fabinho em campo, é querer puxar o adversário. Não adianta liberar o Elias para o ataque, ele é bom indo de frente, e não de costas para o adversário. A melhor opção era, sem dúvida o Otacílio Neto, que daria velocidade e poderia até golear o Santos em contra-ataques.
A entrada do Boquita também não foi correta na minha visão. Já que o Otacílio não havia entrado antes, poderia colocar no lugar do Douglas, cansado, e puxar o Morais para o meio-campo. Ou colocar o Saci, que parte pra cima. Acabou dependendo da genialidade do Ronaldo, pois as chances de tomar o empate eram grandes.
O Chicão, poderia ter sido substituído pelo fato de estar pendurado. Acabou tomando amarelo e está fora do jogo decisivo. É um desfalque muito grande, porque não tem um jogador para substitui-lo à altura. Pelo menos ele poderá jogar com toda a vontade pela Copa do Brasil lá na Arena, sem precisar pensar na final.
Quarta-feira é mais uma decisão, agora pela Copa do Brasil. Pela vantagem construída para a decisão de domingo, tem que entrar com muita vontade contra o Atlético-PR e conseguir um bom resultado para resolver no Pacaembu.
Conceitos
Felipe - ÓTIMO: Mostrou que cresce em decisões, assim como nas semi-finais. Um monstro em campo hoje.
Alessandro - REGULAR: Fez um bom primeiro tempo, mas cansou e caiu demais na etapa final.
Chicão - ÓTIMO: Se o Felipe foi um monstro debaixo das traves, ele também foi na zaga, tirando tudo. Ainda foi decisivo ao abrir o placar com um lindo gol de falta. É um futuro ídolo.
William - ÓTIMO: Cresceu demais no segundo tempo, e apareceu tanto quanto seu companheiro de zaga.
André Santos - BOM: Raçudo, foi muito bem no primeiro tempo. Mas deu espaço deixou buracos algumas vezes no seu setor, principalmente na segunda etapa.
Cristian - BOM: Procurou sempre encurtar os espaços do rival, mas pediu para levar amarelo.
(Túlio) - SEM CONCEITO: Pouco tempo em campo para analisar.
Elias - BOM: Marcou muito e mostrou muita vibração novamente. Com a mudança de esquema teve de jogar praticamente como um atacante, e ele não sabe jogar de costas para o gol. Isso ficou nítido no terceiro gol, quando ele saiu do campo de defesa com a bola e tocou para o Ronaldo fazer o golaço.
Douglas - REGULAR: Tirando alguns pequenos lampejos que teve (como no ótimo passe para o Morais na falta que originou o gol do Chicão), foi discreto.
(Boquita) - REGULAR: Tão discreto quanto o Douglas.
Morais - REGULAR: Pensei que jogaria muito mais do que o Dentinho costuma jogar, mas mostrou que não está na sua melhor forma.
Jorge Henrique - ÓTIMO: Enquanto esteve em campo, mais uma vez foi perfeito taticamente. Aproveita sua experiência de já ter jogado de ala e ajuda demais na marcação. No ataque é perigoso e abre espaços para o fenômeno.
(Fabinho) - PÉSSIMO: Quando o jogador entra no intervalo, a tendencia é ter mais resistência que os demais, mas com o Fabinho foi o contrário. Tomou um baile do ataque santista, era driblado facilmente.
Ronaldo - ÓTIMO: É um gênio, muito acima dos demais. Decidiu a partida com dois golaços. O segundo dele é de fazer o torcedor adversário aplaudir, como fez o Pelé.
Téc: Mano Menezes - BOM: Escalou o time corretamente, mas mexeu mal. Porém merece elogios pela campanha sensacional e pela atitude que o time teve. Precisa escalar o time pra vencer também no Pacaembu.
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