* Em entrevista descontraída, o ex-atacante Serginho Chulapa revela detalhes de sua carreira e analisa sua atuação no Mundial da Espanha.
Polêmico, irreverente e matador. Assim pode ser definido Sérgio Bernardino, o Serginho Chulapa, ex-atacante de São Paulo, Santos, Corinthians e Seleção Brasileira, entre outros. Hoje, aos 55 anos, como auxiliar-técnico do Santos, Serginho é a estrela na estreia da seção "Trocando Ideia" no blog Redação do Esporte®.Nesta entrevista, realizada no CT Rei Pelé, em Santos, Serginho fala sobre suas passagens de sucesso por São Paulo (onde é até hoje o maior artilheiro da história, com 242 gols) e Santos (maior artilheiro da era pós –Pelé, com 104 gols), os dois clubes em que teve maior identificação. Em final de semana de estreia do Brasileirão 2009, vale lembrar que Serginho foi artilheiro do Nacional em 1983, com 22 gols, quando era atacante do Peixe.
Ele também não esquece de seus momentos polêmicos e revela bastidores da Copa de 82, onde admitiu ter sido “domesticado”, da sua suspensão em 78 e da briga com ex-goleiro e técnico Emerson Leão.
No final do bate-papo, uma revelação: a verdade sobre a lenda de que Chulapa fugia dos jogos em Marília.
Redação do Esporte® - Serginho, muitos te definiam como um jogador trombador, sem muita técnica. Apenas um goleador. E você, como define seu estilo?
Serginho Chulapa – Eu era mesmo um trombador. Eu era finalizador, a minha característica era essa. Eu ficava bastante na área, para finalizar ali. Os outros jogadores faziam as jogadas para mim.
Como foi seu começo de carreira?
Eu tive muitas dificuldades. Subi no São Paulo em 71 e em 72 fui emprestado ao Marília, onde fiquei um ano. Serviu como experiência, para voltar com mais bagagem para o São Paulo, onde sempre fui artilheiro.
Na volta ao São Paulo, foi difícil sua readaptação?
Não. Voltei com mais experiência. Tive minha grande oportunidade em 74 e até 82 eu fui titular absoluto e artilheiro.
Como é ser até hoje o maior artilheiro da história do São Paulo?É importante. Ser lembrado até hoje, em um clube como o São Paulo, é muito gratificante. Não tem nada que pague isso.
Você acha que alguém vai passar essa marca um dia?
Muito difícil. Hoje o jogador começa a despontar e já vai para a Europa. O França é o mais próximo, mas acho que ele não alcança. (O ex-atacante do São Paulo França, tem 182 gols pelo Tricolor e hoje atua no Japão).
Você se envolveu em muitas polêmicas na carreira. Como foi ficar 11 meses longe dos gramados?
Peguei a suspensão porque agredi o bandeirinha. Se eu soubesse que ia ficar tanto tempo parado, eu teria arrebentado ele (risos). Eu me arrependo, porque eu vivia minha melhor fase e acabei ficando de fora da Copa do Mundo de 78, na Argentina (Em 78, Serginho foi punido por 14 meses após ter agredido um auxiliar, em um jogo contra o Botafogo de Ribeirão Preto. A pena foi reduzida em três meses, posteriormente).
Durante esses 11 meses, o que você fazia para manter a forma?
Eu treinava todos os dias pela manhã. Tenho muito que agradecer ao São Paulo, por ter me ajudado naquele momento difícil.
Naquela final do Campeonato Brasileiro de 77 (realizado em 78), contra o Atlético-MG, criou-se uma expectativa pela sua provável aparição no jogo, quebrando a suspensão. O que aconteceu de fato?
Eu estava suspenso e o Reinaldo (atacante do Atlético) também não jogaria. Então o Minelli (Rubens, treinador tricolor na época) pediu para o Muricy (atual treinador do São Paulo e atacante do clube em 78) me achar, pois eu viajaria para Belo Horizonte. Quando me viram lá, foi aquele tumulto todo. “O Serginho vai jogar, chama o Reinaldo também”, diziam. Claro que eu não joguei. Foi uma estratégia para tumultuar o ambiente e deu certo, fomos campeões.
Serginho, você ficou dez anos no São Paulo e deixou o clube rumo ao Santos. Como foi essa mudança?
Eu precisava dessa mudança de ares, já eram dez anos. Saí de lá chorando, mas cheguei ao Santos, onde também me identifiquei. Moro aqui até hoje, trabalho aqui até hoje.
Fale um pouco sobre suas três passagens pelo Santos.Entre idas e vindas, eu fui Campeão Paulista em 84 e vice-campeão Brasileiro em 83. Cheguei aqui com desconfiança, por ter vindo de um rival, mas tive a mesma identificação que eu tinha no São Paulo. É um clube que eu aprendi a gostar. (Chulapa também foi artilheiro do Brasileirão de 83, com 22 gols).
Na Copa de 82, na Espanha, você participou daquela Seleção que encantou, mas não levou o título. Disseram que o técnico Telê Santana teria te “domesticado”...
Aquela derrota para a Itália foi inexplicável (3 a 2, na fase final do torneio). Jogamos bonito, mas nem sempre é assim que se vence. Infelizmente saímos da Copa mais cedo. Eu realmente mudei minha característica e me sinto culpado por ter aceitado aquela situação. Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza eu seria o que sempre fui, naquele mundial.
Em 85, você saiu do Santos e foi para o Corinthians, que tinha estrelas como Casagrande, Wladimir, Zenon, De Leon... Por que esse time não deu certo?
Era muita vaidade, muita pressão. Eu cheguei lá com um ambiente ruim porque tinha feito gol na final do Paulistão, contra o Corinthians, em 84. Tinha tudo para dar certo, pois era um grande time, mas 11 craques em uma equipe não dá certo nunca.
Conte um pouco sobre suas experiências no futebol do exterior.
Atuei na Turquia e em Portugal. Fiquei um ano em cada lugar, em uma época que era difícil um jogador brasileiro sair para a Europa, mas a experiência foi legal.
Logo que encerrou a carreira de jogador, você encarou a posição de treinador de futebol no Santos, No entanto, você nunca teve uma sequência nessa carreira. Por quê?
Essa carreira é difícil. Eu ainda quero ser treinador e se tiver uma oportunidade vou aproveitar. Estou preparado para isso. Só que muitas vezes um clube prefere um técnico de “ponta”, ganhando 400, 500 mil reais, do que alguém do mesmo nível, sem tanto nome.
Essa carreira é difícil. Eu ainda quero ser treinador e se tiver uma oportunidade vou aproveitar. Estou preparado para isso. Só que muitas vezes um clube prefere um técnico de “ponta”, ganhando 400, 500 mil reais, do que alguém do mesmo nível, sem tanto nome.
Falando de polêmica novamente. O que acontece entre você o Leão, nessa briga que já se arrasta há mais de 30 anos? Você já tentou alguma reaproximação?Eu não gosto dele e ele não gosta de mim, então não adianta (risos). Não há nenhuma possibilidade de reconciliação.
Serginho: por que você nunca jogava em Marília?
É que em Marília eu tive um problema com uma mulher e o pai dela ameaçou me matar. Então, para não morrer, eu não ia (risos). Quando estava próximo de jogar lá eu arrumava contusão ou forçava um terceiro amarelo. Desde 73 eu não voltava, mas esse ano eu fui, com o Santos. O pai da menina faleceu, então fui sossegado (risos).
Você se arrepende de alguma coisa na sua carreira?
Somente da suspensão em 78, que era ano de Copa do Mundo e eu fiquei fora. De resto, não me arrependo de nada
Para finalizar, sem ficar no muro: Santos ou São Paulo?
Me identifiquei muito nos dois, eles me deram tudo. No meu coração cabem os dois igualmente.
O auge do “Trombador”
> São Paulo
242 gols
Tricampeonato Paulista (75, 80 e 81)
Campeão Brasileiro (77)
> Santos
104 gols
Campeão Paulista (84)
Vice-campeão Brasileiro (83)
> Seleção Brasileira
8 gols
Titular na Copa do Mundo de 82
Direto da Redação
Equipe de reportagem:
Ricardo Pilat - ricardo.pilat@yahoo.com.br
Marco Miranda - marco.mirand@yahoo.com.br
Sensacional a entrevista. Serginho é umd os caras qeu eu mais respeito no Santos. Um cara de brio, de palavra. Bem que poderia ensinar o Kléber Pereria a finalizar melhor.
ResponderExcluirAinda sonho em ver ele como técnico no Santos, pra mim é mais idolo agora como auxiliar do que como jogador
ResponderExcluirAdorable story. Makes us want to be greater. Many thanks for discussing. You might be great.
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