Nem tudo é um teatro
Todo final de ano é a mesma história. Reta final de Campeonato Brasileiro e surgem aquelas notícias de mala branca, mala preta, mala verde, mala azul. Desconfiança de que um time entrega aqui, joga mais sério ali. Que o STJD vai prejudicar alguém e vai ajudar outros. E a arbitragem vai ser a grande responsável pelo time A, e não o B, vencer o campeonato.
Um roteiro muito chato e desagradável, alimentado pela mídia. Ao invés de focalizar a disputa pelo título, analisar tática, técnica e outros fatores dentro de campo, a imprensa prefere falar dos bastidores e das possíveis maracutaias que envolvem o jogo de futebol.
A pergunta aqui é: se o futebol é um teatro, por que essas pessoas continuam assistindo e vivendo de enganação?
Ninguém gosta de ser enganado, ainda mais quando uma paixão está envolvida. Qual seria a graça do futebol se todo mundo soubesse o que vai acontecer?
Na última semana, os jogadores do Grêmio foram massacrados pela mídia. Sem ao menos pisar em campo para enfrentar o Flamengo, eles já haviam sido condenados sem direito a muita defesa: eles iriam entregar a rapadura aos cariocas, pois o Inter não poderia ser campeão de jeito nenhum.
Dignidade tricolor
Que um torcedor pense assim, tudo bem, vá lá. Mas um jogador profissional, que recebe em dia seu salário, não pode nem imaginar uma situação dessas. Qualquer atleta que entrasse em campo daria o máximo para vencer, como aconteceu. O Flamengo teve uma enorme dificuldade para derrotar o time misto do Grêmio.
Os atletas do Tricolor tiveram a diginidade de jogar a partida pra valer. Não na mesma intensidade do Flamengo, é óbvio. Os interesses em jogo eram completamente diferentes. E é bom lembrar que o Grêmio venceu apenas um jogo fora de casa em todo o campeonato, e a partida no Maracanã talvez tenha sido a melhor do ano longe de Porto Alegre.
A verdade é que a imprensa, de um modo geral, sempre procura criar polêmicas. Infelizmente, muita gente vive disso. Essas pessoas não percebem que dessa forma podem estar destruindo a paixão de inúmeros torcedores.
Fora um ou outro caso isolado na história, comprovados, o futebol não é dramaturgia, apesar de se misturar muitas vezes com ela pelo tom artístico de alguns jogos épicos. E enquanto não houver provas de que tudo não passa de teatro, ninguém tem o direito de tirar das pessoas o que somente o esporte bretão proporciona: a esperança de que o improvável pode acontecer.
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