* Após cinco anos, Tricolor passa temporada em branco

E 2009 não trará grandes lembranças ao torcedor são-paulino. Eliminado pelo Corinthians no Paulistão e pelo Cruzeiro na Libertadores, restou o consolo do terceiro lugar no Campeonato Brasileiro e vaga assegurada na próxima edição do torneio continental mais cobiçado pelos lados do Morumbi.
Valorizado na hora errada
O discurso tricolor era unânime no início do ano: o Campeonato Paulista ficaria em segundo plano. Com a chegada de reforços como Washington, Junior César e Arouca, o objetivo era a Libertadores, mais uma vez. No entanto, as coisas se inverteram rapidamente. Em quatro jogos
na fase de grupos do continental, o Tricolor garantiu sua vaga para a segunda fase. Em meio a isso, o São Paulo chegou à semifinal do Paulistão e enfrentaria o Corinthians.
Naturalmente, o time de Muricy Ramalho deixou de priorizar a Libertadores e usou até alguns reservas nos jogos finais da primeira fase. Dessa forma, o Campeonato Paulista e a vitória diante do Corinthians, rival que não vencia havia quase dois anos, virou o objetivo principal naquele mês de abril.
Entretanto, as coisas não andaram bem para os são-paulinos. Diante do Timão, o Tricolor perdeu o primeiro jogo no Pacaembu por 2 a 1. O gol da vitória corintiana veio no último lance do jogo,
com uma bomba do volante Cristian. O Alvinegro confirmou a classificação jogando no Morumbi, uma semana depois. Ronaldo e Douglas sacramentaram o triunfo por 2 a 0 e instalaram uma grande crise no rival.
Mais um brasileiro no caminho
Mais um brasileiro no caminho

Fora do Paulistão, o Tricolor voltou a priorizar a Libertadores, sem perder a pose, é claro. Classificado em primeiro lugar no seu grupo, o time do Morumbi enfrentaria o Chivas, do México, na fase seguinte. Porém, o time mexicano abandonou o torneio pois a Conmebol decretou que apenas uma partida entre essas equipes, em São Paulo, definiria o classificado às quartas-de-final. Na época, era grande o surto da chamada gripe suína no México.
Com isso, o São Paulo seguiu em frente sem precisar jogar. O adversário das quartas-de-final foi o Cruzeiro. Eliminado nas oitavas-de-final pelo Grêmio, em 2007, nas quartas pelo Fluminense em 2008, e derrotado pelo Inter na final de 2006, o Tricolor queria acabar com essa sina de não vencer brasileiros na Libertadores.
Não conseguiu. No jogo de ida, o Cruzeiro venceu por 2 a 1. O gol marcado fora de casa deu ainda algum ânimo ao torcedor tricolor para a partida no Morumbi. Mas a raposa tratou de despachar qualquer esperança e fez 2 a 0, com autoridade, gols de Henrique e Kléber.
Muricy fora
A crise explodiu na cabeça de Muricy Ramalho. Após três anos e meio no comando técnico do São Paulo, o treinador foi demitido pela diretoria tricolor. Apesar do tricampeonato brasileiro (2006, 2007 e 2008), Muricy não conseguiu o sonhado tetra da Libertadores e isso pesou muito. Além disso, a situação entre ele e o elenco não era das melhores.
No lugar de Muricy Ramalho, chegou Ricardo Gomes, que estava no futebol francês, onde nunca teve muito brilho. As coisas não mudaram muito e o Tricolor seguiu cambaleando no Campeonato Brasileiro. Após uma derrota para o Atlético-MG por 2 a 0, no Mineirão, o São Paulo chegou ao 15º lugar no Brasileirão, com apenas 11 pontos em 11 rodadas. Nem o mais pessimista torcedor imaginaria esse cenário àquela atura.
Recuperação e vaga na Liberta
Mas o que parecia improvável aconteceu. O time de Ricardo Gomes, que já estava com a cabeça a prêmio, deu um reviravolta na tabela, embalando uma sequência de nove jogos sem derrota (sete vitórias e dois empates). Com isso, o São Paulo chegou ao segundo lugar na tabela, logo no início do segundo turno.

Após um momento de instabilidade, o Tricolor seguiu brigando pelas primeiras posições, de olho no Palmeiras, líder do campeonato. O São Paulo havia encontrado sua forma de jogar, com três zagueiros, utilizando Jean na ala-direita, Hernanes como segundo volante e Jorge Wagner no meio. No ataque, Washington levou a melhor na briga com Borges e ganhou a posição ao lado de Dagoberto.
Mantendo um futebol burocrático, porém, eficiente, o time do Morumbi aproveitou-se do vacilo do Palmeiras e assumiu a ponta do Brasileirão há três rodadas do final do campeonato. Na penúltima rodada, contudo, o São Paulo errou quando não poderia. Em Goiânia, perdeu para o Goiás por 4 a 2 e viu a liderança escapar e cair nas mãos do Flamengo, campeão na rodada seguinte.
Ao São Paulo, restou o terceiro lugar no campeonato e a vaga direta para a próxima Libertadores da América.
Herói: Ricardo Gomes
Quando ele chegou, a situação no São Paulo era péssima. Eliminações recentes no Paulistão e na Libertadores e briga contra o rebaixamento no Brasileiro. Depois de um mês de trabalho, as coisas se acertaram e o Tricolor voltou a jogar um bom futebol. Por pouco, Gomes não conquistou o título, mas o técnico terminou o ano com saldo positivo, sem dúvidas.
Vilão: Muricy Ramalho
Em três anos e meio no São Paulo, Muricy conquistou três vezes o Campeonato Brasileiro. Ótimo? Não para o torcedor e para a diretoria são-paulina, que gostariam de ver o time campeão da Libertadores, coisa que o treinador não conseguiu. Após cair diante do Cruzeiro, Muricy foi demitido.
Dia D: 19 de julho
Não foi uma grande exibição, longe disso. Mas a vitória diante do Santos no Morumbi, por 2 a 1, dois gols de Washington, abriu uma sequência de nove jogos do Tricolor sem derrotas e foi o ponto inicial da recuperação do time no Campeonato Brasileiro sob o comando de Ricardo Gomes.
Dia para ser esquecido: 18 de junho
Poderíamos citar muitos dias aqui. A eliminação para o Corinthians no Paulistão, a derrota para o Goiás na penúltima rodada do Brasileiro, ou ainda a queda contra o Atlético-MG, na 11ª rodada, que deixou o time no 15º lugar. Mas a gana maior do Tricolor é a Libertadores, e no dia 18/6 o Cruzeiro eliminou o São Paulo do torneio continental, em pleno Morumbi, acabando com o sonho do tetra.
O número: 11
Essa era a pontuação do São Paulo na 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, o que colocava o Tricolor na 15ª posição. Após uma brilhante recuperação, o time de Ricardo Gomes conquistou mais 54 pontos nas outras 27 rodadas e terminou no terceiro lugar.
Comentário da Redação
Só estrutura não resolve
Muito se fala da estrutura do São Paulo, como fator principal para o sucesso do Tricolor nos últimos anos. Mas só isso não adianta. Afinal, o Flamengo foi o campeão brasileiro e ninguém é maluco de acreditar que o Rubro-Negro seja um clube estruturado, de primeiro mundo.
É óbvio que em termos estruturais, o São Paulo leva vantagem sobre os demais. Tanto na parte de instalações física quanto na organização do seu futebol e na hierarquização do clube. As coisas são bem claras no Morumbi: o presidente dá a palavra final, os diretores contratam e o treinador cumpre ordens.
Mas só isso não adianta. Não é sempre que as contratações serão acertadas. E nos últimos anos o São Paulo vem errando bastante em suas apostas. Mesmo em 2008, quando foi campeão brasileiro, isso aconteceu. Em 2009, além disso, o time não deu liga. Muricy Ramalho deixou o elenco escapar de suas mãos. São coisas do futebol e qualquer clube está sujeito a isso.
Para o próximo ano, o Tricolor já está se mexendo para fazer uma temporada melhor. Mais um ano sem títulos seria uma tragédia. E Ricardo Gomes, de excelente trabalho em 2009, terá em 2010 uma missão muito difícil: conquistar a Libertadores, o sonho são-paulino de todo começo de ano.
Direto da Redação
Direto da Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário