Coluna > Domingueira do Pilat

Até que a morte nos separe

O casamento entre os jogadores de futebol e seus torcedores costuma ser igual ao de marido e mulher. No começo são juras de amor, o tradicional 'até que a morte nos separe', mas depois vem as crises de relacionamento e o amor acaba antes mesmo de começar. Entretanto, alguns são os casos na história do futebol em que a morte os separou de verdade.

Essa semana completou-se 50 anos da tragédia de Munique, que aconteceu em 6 de Fevereiro de 1958. Um avião que transportava a delegação do Manchester United, que vinha de Belgrado, onde o clube havia empatado com o Estrela Vermelha por 3 a 3, resultado que classificou os ingleses para as semi-finais do torneio, teve uma pane nos motores, que pegou fogo, e caiu nas proximidades da cidade de Munique. No acidente morreram 28 pessoas entre passageiros e moradores do local da queda do avião.

Os Busby Babes (foto), como eram chamados (Em alusão ao treinador da equipe, Matt Busbe), tiveram 8 baixas. Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor, Liam Welan e Greoffrey Bent. Uma das estrelas daquele time e do futebol inglês, era Bobby Charlton, que sobreviveu ao acidente.

Outra grande tragédia, maior ainda que essa primeira, é a "Tragédia de Superga", em Quatro de maio de 1949. Às 17:05 horas , o Fiat G212 que levava a bordo toda a equipa do Torino da Itália chocou-se com a fachada da basílica de Superga, perto de Turim. O time havia jogado no estádio da Luz em Portugal, contra o Benfica. Não houve sobreviventes.

O Torino era o orgulho da Itália. Tanto é que, em homenagem ao clube (atual tetracampeão nacional na época), a Liga italiana declarou o clube campeão após o incidente - naquele momento, a equipe tinha 4 pontos de vantagem para a Inter, segunda colocada. As últimas 4 rodadas do campeonato foram jogadas com atletas juvenis do time de Turim. Os adversários, em sinal de respeito, fizeram o mesmo. Foram 4 vitórias do clube Grená.

"Eles poderiam ter sido os melhores"

Essas duas catástrofes do futebol tiveram algo em comum. Grandes jogadores perderam sua vida. Atletas que, dizem, "poderiam ter sido os melhores de todos os tempos". Duncan Edwards era a estrela do clube inglês. Ele era um meia habilidoso, no estilo inglês, camisa 8, que marcava e atacava com a mesma precisão. Bobby Charlton, campeão mundial em 66, dizia que Edwards era o único que o fazia sentir-se inferior dentro de campo

Os italianos tinham o grande Valentino Mazzola (quarto da esquerda para a direita na foto), goleador nato! Ele era pái de Sandro Mazzola, que virou ídolo na Inter anos depois.

Quem viu, diz que esses dois poderiam ser tão bons quanto foi Pelé, Maradona, entre outros... exagero. É normal que as pessoas ganhem ainda mais valor depois de sua morte.

Outro caso de jogador que teve sua vida abreviada é do brasileiro Denner. Esse sim, para a grande maioria das pessoas que o viu jogar, seria o novo Pelé. Vi pouco, mas foi o bastante para afirmar que chegaria perto. Infelizmente, em 1994, ele se foi em um acidente de carro, no Rio de Janeiro, época em que jogava no Vasco da Gama. Dizem que, além disso, seu envolvimento com as drogas o mataria logo.


Veja a reportagem sobre a morte de Denner



Ayrton Senna do Brasil

Sem dúvida um dos três maiores ídolos brasileiros de todos os tempos no esporte. Sua morte na curva de Tamburello, em San Marino, causou o maior impacto que esse país já viu (dessa vez, sem exagero). Senna já estava no fim de carreira e tinha 3 títulos, por isso, a discussão dele é outra. Para muitos ele FOI o melhor, sem dúvida nenhuma. Porém, nos números, ele fica atrás de alguns pilotos da história. A principal comparação que se faz é entre ele e Michael Schumacher.

A questão é bem complicada, pois, como disse, a morte ajuda a engrandecer o que a pessoa representava. Senna é um grande ídolo para mim, até me arrepia falar sobre ele, mas Schumacher foi melhor piloto por tudo que conseguiu, na minha opinião. Nem por isso ele deixa de ser o que é.

Polêmicas à parte (esse assunto é muito polêmico, por sinal), como diria o outro, a morte faz parte da vida, inclusive no mundo do esporte.
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Outros atletas poderiam ter ido longe na carreira, mas contusões, acidentes, e outros problemas, levaram ao fim prematuro de suas vidas esportivas. Quem mais poderia ter sido um dos melhores da história na opinião de você, leitor?

Bom domingo a todos.










Colunista: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br