
Antes, porém, mineiros e paulistas terão um novo encontro. No próximo domingo, voltam a se enfrentar. Agora, pelo Brasileirão, na quarta rodada, em São Paulo.
Gol nos acréscimos
Quem achou que a opção do técnico Adilson Batista de escalar o Cruzeiro com três volantes seria muito defensiva se enganou. Empurrado por um Mineirão lotado por mais de 52 mil pagantes, o time celeste partiu com tudo ao ataque e imprimiu velocidade, característica principal do seu jogo. Sem Wagner, machucado, a responsabilidade de criar as jogadas caiu sobre Ramires. Aos dois, o primeiro lance de perigo. Thiago Ribeiro recebeu na área, bateu de pé direito, mas a bola subiu demais. O São Paulo chegou pouco depois, aos cinco. Washington saiu da área, avançou pela direita e cruzou certinho para Jorge Wagner. O camisa 7 pegou de primeira, mas a bola explodiu na zaga.
Os primeiros 15 minutos foram de muito equilíbrio e marcação. Algumas vezes forte demais. Colado em Kléber, o zagueiro Miranda tentava conter as investidas do Gladiador. André Dias e Eduardo Costa o ajudavam. Do outro lado, Washington brigava com os zagueiros, enquanto Dagoberto, sonolento, pouco tocava na bola.
Aos 22, o lateral-esquerdo Gerson Magrão recordou os tempos em que jogava no meio. Carregou a bola para a entrada da área, limpou a marcação e bateu de longe com a perna direita, que não é a boa. O chute passou perto da trave esquerda do goleiro Denis. A partir daí, o jogo ficou concentrado no meio e até certo ponto violento. Aos 31, ânimos quentes. Richarlyson fez falta em Jonathan e, com o adversário caído por cima da bola, deu um chute perigoso. Apesar de ter atingido a pelota, seu gesto deu início a uma confusão envolvendo os dois times.
Três minutos depois, Ramires, que andava sumido no duelo, recebeu na área pelo lado direito do ataque e soltou uma bomba. Denis fez a defesa, a bola tocou no corpo do zagueiro André Dias e não entrou por muito pouco. Depois desse lance, os atacantes celestes Kléber e Thiago Ribeiro passaram a trocar de posição, numa tentativa de fugir da marcação.
Com mais vontade e posse de bola, o Cruzeiro tentava pela esquerda, pela direita, com atacantes ou volantes. Aos 44, Henrique recebeu na área e bateu rasteiro. Denis se esticou para defender e mandar pela linha de fundo. Na cobrança de Thiago Ribeiro, o zagueiro Leonardo Silva, ex-Palmeiras, subiu no meio da área para dar uma cabeçada certeira: 1 a 0, e explosão azul no Mineirão. O árbitro Carlos Chandía apitou o fim do primeiro tempo logo depois. De tão eufóricos, poucos torcedores perceberam. Cruzeiro melhor e em vantagem.
Cruzeiro fica em vantagem
O Cruzeiro voltou para o segundo tempo apenas com Kléber no ataque. Thiago Ribeiro sentiu uma fisgada na coxa direita e foi substituído por Athirson, que entrou no meio-campo. Em desvantagem, o São Paulo começou a etapa final com a intenção de pressionar o adversário, mas só conseguiu chegar com força aos dez minutos. Washington foi lançado na área, só que o goleiro Fábio saiu do gol antes que o atacante chegasse na bola. No entanto, na jogada seguinte, deu tudo certo para o Tricolor Paulista. Zé Luis cruzou para a área, Dagoberto cabeceou livre, e Fábio defendeu parcialmente. Esperto, Washington pegou o rebote, girou o corpo para bater com o pé direito e empatar: 1 a 1. A bola ainda tocou no zagueiro Leonardo Silva antes de estufar a rede. Momento de silêncio no Mineirão.
Adilson Batista percebeu que com apenas um atacante a Raposa estava sem força e corrigiu o erro. O técnico lançou Zé Carlos no lugar de Gerson Magrão, e Athirson passou a jogar na lateral esquerda. Deu muito certo. Aos 19, Jonathan recebeu passe de Kléber na direita, cruzou rasteiro, e o camisa 18 apareceu como um foguete para bater de primeira, no alto, e fazer o segundo gol. O goleiro Denis chegou a tocar na bola, mas não conseguiu tirar: 2 a 1. Hora de sentir o Mineirão tremer. A curiosidade sobre o autor do gol é que Zé Carlos foi inscrito na Libertadores nesta semana no lugar de Soares, que fraturou o tornozelo direito e só volta a jogar em três meses.
Do banco, Muricy decidiu mudar em dose dupla. Lançou Borges na vaga de Dagoberto e André Lima no lugar de Washington. Mas quem quase empatou foi um volante. Aos 28, Eduardo Costa chutou da entrada da área, sem marcação, e obrigou Fábio a fazer grande defesa. Disposto a aumentar a vantagem, o time de Adilson Batista se lançou ao ataque. Aos 37, Athirson teve ótima chance em cobrança de falta. Da entrada da área, ele buscou o ângulo esquerdo, mas Denis defendeu bonito.
O São Paulo não estava morto. Após cobrança de escanteio e uma confusão na área azul, André Lima pegou a sobra e bateu forte, no canto esquerdo de Fábio. O camisa 1 foi buscar mais uma vez. O placar não foi alterado. Apesar da vantagem cruzeirense, a disputa pela vaga está bem aberta.
Ficha do jogo
CRUZEIRO 2 x 1 SÃO PAULO | |
Fábio; Jonathan, Thiago Heleno, Leonardo Silva e Gerson Magrão (Zé Carlos); Henrique, Fabrício, Marquinhos Paraná e Ramires; Thiago Ribeiro (Athirson) e Kléber. | Denis, André Dias, Richarlyson e Miranda; Zé Luis, Eduardo Costa, Jean, Hernanes e Jorge Wagner; Dagoberto (Borges) e Washington (André Lima). |
Técnico: Adilson Batista. | Técnico: Muricy Ramalho. |
Gols: Leonardo Silva, aos 45 do primeiro tempo. Washington, aos 11, Zé Carlos, aos 19 do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Kléber (Cruzeiro); Dagoberto, Miranda e Zé Luis (São Paulo). Cartão vermelho: | |
Estádio: Mineirão, Belo Horizonte. Data: 27/05/2008. Árbitro: Carlos Chandía (CHI). Auxiliares: Cristian Julio (CHI) e Osvaldo Talamilla (CHI). |
Fonte: Globo.com
Comentário da Redação
Tricolor muito vivo
Se o jogo de hoje provou que o Cruzeiro tem mais time e mais repertório que o São Paulo, o placar não traduziu isso em vantagem para o clube mineiro. Pelo contrário, o resultado foi comemorado pelo Tricolor. Muricy pedia o fim do jogo aos berros nos instantes finais.
Muricy, aliás, tinha todos os motivos para comemorar. Ele escalou o time muito mal, surpreendendo ao lançar Richarlyson e Eduardo Costra no time, esse último de atuação muito ruim. O ataque com Dagoberto e Washington foi uma piada. Mais hilário ainda foi a saída dessa dupla para a entrada de Borges e André Lima em um espaço de dois minutos, como se esse fosse o grande problema do São Paulo no jogo, e não foi.
O problema estava novamente no meio-campo, completamente inofensivo. Hernanes até jogou melhor do que vinha jogando, mas nada que arrancasse suspiros. Jorge Wagner também não é o homem da organização. O máximo que ele faz é colocar a bola na área quando a coisa está feia.
O goleiro Denis, que tão bem atuou no clássico contra o Palmeiras, vinha fazendo grandes defesas, mas falhou feio nos dois gols. O segundo tento cruzeirense é imperdoável. Enfim, não adianta criticá-lo, pois não há outra opção.
Já o Cruzeiro teve uma ótima atuação de seu meio-campo, tirando Fabrício, que destoou dos demais. Esse garoto Henrique me agradou demais. No ataque, um show de raça de Kléber. Atuação fundamental do camisa 25, que deu azar de jogar boa parte do tempo com esse tal de Thiago Ribeiro, uma das maiores mentiras da história recente do nosso futebol. Zé Carlos entrou no segundo tempo e o ataque do Cruzeiro fluiu.
Pois é, com 2 a 1 nesses primeiros 90 minutos o jogo de volta promete muito. E o São Paulo jogando em casa, apesar de ser muito previsível e de enfrentar um time melhor, é favorito. O resultado que o time de Muricy precisa está bem perto do alcance. O Tricolor está muito vivo.
Conceitos - Cruzeiro
Fábio - BOM: Defesas importantes e atuação segura do arqueiro celeste.
Jonathan - BOM: Um jogador muito veloz e perigoso no ataque. Na defesa teve pouco trabalho.
Thiago Heleno - REGULAR: Não estava em grande dia.
Leonardo Silva - BOM: Fez um gol e foi importante na marcação.
Gerson Magrão - BOM: Muito melhor jogando de lateral do que de meia.
(Zé Carlos) - BOM: Entrou e mudou a cara do ataque do Cruzeiro. Deixou sua marca.
Henrique - ÓTIMO: O melhor em campo. Distribuiu o jogo com maturidade e chegou com perigo no ataque.
Fabrício - PÉSSIMO: Destoou do time. Muitos passes errados e muitos chutes precipitados.
Marquinhos Paraná - REGULAR: Faltou aparecer mais no jogo.
Ramires - BOM: Jogou como responsável pela criação do time, função que não é a dele, mas mesmo assim deu trabalho.
Thiago Ribeiro - PÉSSIMO: Outro que só atrapalhou. Não pode mais ser titular desse time.
(Athirson) - BOM: Entrou muito bem no jogo, levando perigo nas bolas paradas.
Kléber - ÓTIMO: O Gladiador não parou um minuto em campo. Com ele a jogada nunca termina com jogador adversário em pé, mas a bola é sempre tratada com carinho. Fundamental nesse triunfo cruzeirense.
Tec: Adilson Batista - BOM: Criou uma boa alternativa para ausência de Wagner, preenchendo o meio-campo e dando liberdade para o Ramires. Pecou no ataque, mas acredito que irá refletir e dar chance ao atacante Zé Carlos.
Conceitos - São Paulo
Denis - PÉSSIMO: Até ia bem, mas falhou feio nos dois gols. O conceito não pode ser outro.
André Dias - PÉSSIMO: Teve dificuldade para encontrar Kléber. Falhou no gol de Leonardo Silva.
Richarlyson - REGULAR: Apareceu como surpresa no time e não fez lá grande coisa, mas também não comprometeu.
Miranda - BOM: Um dos poucos que conseguiu parar o ataque adversário.
Zé Luis - REGULAR: Muito discreto, ainda participou bem do gol do São Paulo, mas nada que melhore seu conceito.
Eduardo Costa - PÉSSIMO: Abusou das pancadas e pouco produziu. O jogo não flui com ele.
Jean - REGULAR: Não repitiu as boas atuções que costuma fazer.
Hernanes - REGULAR: Ele até jogou melhor do que vinha atuando, mas a responsabilidade de armar o time está toda nos seus pés. Um grande erro.
Jorge Wagner - REGULAR: Incrível como ele participou pouco do jogo.
Dagoberto - PÉSSIMO: Fominha, briguento e firulento. Não consegue emplacar uma boa sequência.
(Borges) - SEM CONCEITO: Até que jogou bastante tempo, mas nem tocou na bola.
Washington - REGULAR: Por sua insistência ganhou um gol, mas esteve longe de jogar bem.
(André Lima) - BOM: Apesar de não concordar com sua entrada no jogo, ele foi bem. Levou perigo.
Téc: Muricy Ramalho - PÉSSIMO: Escalou mal e mexeu mal no time. É muito estranho colocar uma dupla de ataque, mostrando "confiar" nela, e mudar tudo em dois minutos. Mais estranho é dar chance para o Eduardo Costa bem no momento mais importante do time na temporada. Muricy precisa encontrar uma cara para essa equipe, senão vai ser muito tarde.
Direto da Redação
Redator: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br
Tricolor vai conseguir 1 x 0 aos 46 do segundo tempo, gol do André Lima
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