Os cruzeirenses não esquecem 1976 e 1997. O mesmo vale para os gremistas em relação a 1983 e 1995. Anos que entraram para a história dos clubes com as conquistas da Taça Libertadores. Bicampeões, mineiros e gaúchos agora se encontram no caminho rumo ao tricampeonato, e um deles estará na final da competição mais importante do continente, contra Nacional, do Uruguai, ou Estudiantes, da Argentina. O primeiro grande duelo entre os brasileiros ocorre nesta quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), em Belo Horizonte, com promessa de tremor em um Mineirão lotado com quase 65 mil pessoas.Dono da melhor campanha na fase de grupos, o Grêmio tem a vantagem de decidir a vaga no estádio Olímpico, em Porto Alegre, na próxima semana. Por outro lado, o Cruzeiro reagiu na fase de mata-mata, assumiu o melhor desempenho da competição e ganhou moral depois de eliminar o São Paulo - resultado que, diga-se, causou a demissão do tricampeão brasileiro Muricy Ramalho no Morumbi. Não faltam números, dados ou argumentos para todos dizerem que será um jogão.
O confronto não é inédito na Libertadores. Em 1997, Tricolor e Raposa duelaram na primeira fase, com uma vitória para cada lado. Mas foi nas quartas de final que o encontro pegou fogo. No Mineirão, vitória dos donos da casa por 2 a 0. Alex Mineiro, hoje no Tricolor, fez um dos gols. O segundo jogo, no Olímpico, teve triunfo gremista por 2 a 1. No saldo, os mineiros ficaram com a vaga, e depois, com a taça. Paulo Autuori, atual comandante dos gaúchos, era o técnico celeste. Adilson Batista também fez história pelo próximo rival. Em 95, ele ergueu a Libertadores vestindo azul, branco e preto.
Decidir logo em casa, o objetivo mineiro
Maturidade. Esta é a palavra que define o grupo do Cruzeiro que tenta o tri da América. Depois da frustração em 2008, quando tinha um bom time, mas foi eliminado en casa, nas oitavas, pelo Boca Juniors (ARG), os jogadores da Raposa podem dizer quem encaram o Grêmio em condições de igualdade. Aquela derrota serviu de lição.- Este ano a maturidade realmente é o destaque da equipe, principalmente nos jogos fora de casa. Demonstramos mais inteligência e gana de querer vencer. Aquela derrota para o Boca foi importante para conseguirmos a vaga na semifinal desta vez. Mas temos de ir com os pés no chão – afirmou o goleiro e capitão Fábio.
O atacante Kléber reconhece que não existe uma equipe favorita. Para ele, o mais importante é não levar gols na primeira partida.
- As chances de uma vitória são grandes, mas precisamos tomar cuidado. O time do Grêmio é um pouco parecido com o do São Paulo, aguerrido e muito competitivo. Se conseguirmos igualar na vontade, poderemos ter um resultado muito bom. O importante é não levar gol – analisou.
O técnico Adilson Batista faz mistério, motivado principalmente pelos problemas médicos do grupo. O zagueiro Léo Fortunato, por exemplo, levou uma pancada no joelho esquerdo e é dúvida. Se não jogar, Thiago Heleno deve ser o substituto. No meio, o volante Elicarlos vai ocupar a vaga de Fabrício, machucado. Apesar de estar relacionado, o atacante Thiago Ribeiro não foi confirmado entre os titulares. Ele se recuperou de um estiramento muscular na coxa direita, voltou aos treinos com bola antes do previsto, mas não suportaria os 90 minutos. Wellington Paulista tem tudo para ser mantido.
– Minha participação no treino foi normal. Não vou dizer se jogarei ou não, mas fiz tudo aquilo que ele (Adilson) me pediu. Estou feliz por ter voltado a treinar, foram muitas lesões seguidas e isso me incomoda bastante – comentou.
Voltar "vivo" para a capital gaúcha, a meta tricolor
O Grêmio traçou uma meta básica para o jogo contra o Cruzeiro: retornar vivo ao Olímpico. O clube acredita que evitar uma derrota por mais de dois gols de diferença em Minas Gerais significa se aproximar da vaga na final. Uma das razões é a força da torcida em casa na semana que vem. Os jogadores falaram repetidas vezes sobre não levar gols - e, se possível, incomodar a zaga celeste.
- Não tomar gol será uma boa diferença a nosso favor. Vai ser difícil, porque o Cruzeiro se conhece bem, mas estamos confiantes - disse o argentino Maxi López.O time gaúcho tenta não supervalorizar o rival, que ganhou força ao eliminar o São Paulo com duas vitórias seguidas, no Mineirão e no Morumbi. O discurso é de respeito, mas sem temor. Os gremistas dizem não ter dúvidas de que podem vencer os mineiros.
- Não existe isso de o Cruzeiro estar melhor. Não está melhor no Brasileirão, por exemplo. Não há favoritismo em jogos como esse - afirmou o técnico Paulo Autuori, referindo-se à melhor campanha gaúcha no campeonato nacional. O Grêmio ocupa a nona colocação, com nove pontos, a três do G-4, e Raposa, com sete, está em 15º, fora da zona de rebaixamento apenas porque tem uma vitória a mais que São Paulo e Avaí.
O Grêmio tem uma dúvida em Belo Horizonte. Autuori abriu a possibilidade de escalar William Thiego na lateral direita para dar maior sustentação defensiva à equipe. No ataque, o companheiro de Maxi López será novamente Alex Mineiro, que está há mais de cem dias sem marcar gols.
Ficha técnica
| CRUZEIRO | GRÊMIO |
| Fábio, Jonathan, Léo Fortunato (Thiago Heleno), Leonardo Silva e Gerson Magrão; Elicarlos, Henrique, Marquinhos Paraná e Wagner; Wellington Paulista (Thiago Ribeiro) e Kléber | Marcelo Grohe, Ruy (William Thiego), Léo, Réver e Fábio Santos; Túlio, Adílson, Tcheco e Souza; Alex Mineiro e Maxi López |
| Técnico: Adilson Batista | Técnico: Paulo Autuori |
| Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 24/06/2009 Horário: 21h50m Árbitro: Henrique Osses (CHI) Auxiliares: Cristian Julio (CHI) e Osvaldo Talamilla (CHI) | |
| Transmissão: A Rede Globo (menos para SP e RJ) e o SporTV (para todo o Brasil) transmitem a partida. | |
Fonte: Globo.com
Redator: Pedro Silas
pedro_sccp@yahoo.com.br
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