
O segundo jogo da final está marcado para a próxima quarta-feira (15), às 21h50m (horário de Brasília), no Mineirão, em Belo Horizonte. Como o gol fora de casa não conta para a decisão do título, um novo empate leva a partida para a prorrogação e, se o placar permanecer igual, para a disputa de pênaltis. Quem vencer, levanta o troféu.
Fábio fecha o gol
Muita fumaça e uma chuva de papel picado marcaram a festa na entrada do Estudiantes em campo e, como era de se esperar, o time argentino começou o jogo pressionando e adiantando a sua marcação para o campo do Cruzeiro. Sabendo do pavio curto de Kléber, Schiavi tratou de irritar o atacante celeste logo aos três minutos com uma falta no meio-de-campo e uma joelhada na sequência, que não foi observada pelo árbitro uruguaio Jorge Larrionda. Um início de confusão que se dissipou juntamente com a fumaça que impedia a visão do campo nos primeiros minutos.
A primeira finalização cruzeirense saiu apenas aos seis minutos em chute de Ramires, que bateu na zaga e se perdeu pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio venenosa, Wagner deu um susto no goleiro Andújar. Um erro pode ser fatal numa decisão, e Henrique escapou de boa aos sete minutos. Na entrada da área, a bola quicou na frente do volante, que ficou esperando que ela descesse e a viu sendo roubada por Pérez, que também falhou no passe decisivo, desperdiçando um presente.
O primeiro lance de real perigo foi do Estudiantes, aos 11 minutos, em falta na entrada da área, que Verón bateu com categoria e viu Fábio voar para impedir o gol argentino. A estrela do goleiro brasileiro voltou a brilhar aos 16 em chute cara a cara de Pérez, que o camisa 1 celeste espalmou para escanteio. Antes que o escanteio fosse cobrado, uma cena inusitada: um cano de água estourou atrás de meta cruzeirense, mas o problema foi logo solucionado pela administração do estádio.
Schiavi, enfim, aos 25, recebeu o cartão amarelo ao atingir duramente Ramires. Wagner cobrou a falta na área, a zaga aliviou, e o meia voltou a cruzar para a cabeçada de Wellington Paulista, que saiu à direita. Na disputa, Germán Ré levou a pior e teve que enfaixar a cabeça para continuar na partida.
Verón continuava incomodando e, aos 35, mais um de seus chutes bateu na zaga e saiu em escanteio. Pouco depois, Fábio afastou um cruzamento que vinha na direção de Schiavi, se chocou com o zagueiro rival, que ficou se contorcendo em dores na área celeste pedindo pênalti, que foi justamente ignorado pelo árbitro. Aos 38, foi a vez de Marquinhos Paraná salvar a Raposa em cruzamento de Germán Ré que tinha endereço certo: a cabeça de Fernandez na pequena área.
Kléber, figura apagada na etapa inicial e que sofreu faltas sucessivas da defesa argentina, perdeu a paciência com mais um tostão que recebeu dos adversários. O atacante foi reclamar com o árbitro e a única coisa que conseguiu foi um cartão amarelo para ele próprio. Era o que os argentinos queriam ao provocá-lo. O Estudiantes ainda teve duas chances antes do fim da primeira etapa com Fernández, aos 42, em chute que foi cortado por Leonardo Silva, e com Verón, aos 44, em bomba certeira que Fábio agarrou firme sem dar rebote.
Kléber vacila
A pressão do Estudiantes se intensificou ainda mais no início do segundo tempo com duas defesas salvadoras de Fábio em sequência. Primeiro, o goleiro espalmou um chute à queima-roupa de Boselli para a linha de fundo, e, na cobrança de escanteio, Desábato cabeceou firme e o cruzeirense fez um milagre em La Plata.
O Cruzeiro tentou se soltar após os sustos em sequência e Kléber arriscou o seu primeiro chute aos quatro minutos, sem muita direção. Aos seis, os cruzeirenses se revoltaram e pediram pênalti, pois após cruzamento de Wagner, Wellington Paulista se chocou com a zaga e ficou reclamando.
O clima foi ficando cada vez mais quente com Verón também sangrando após disputa com Ramires, que deixou o cotovelo, aos 13 minutos. 'La Brujita' teve que deixar o campo por alguns segundos para levar pontos e voltar ao campo logo depois. Três minutos após o primeiro embate foi a vez de Schiavi dar um "soquinho" em Wellington Paulista, que desabou no chão, tentando forçar a expulsão do adversário, que já tinha cartão amarelo. O árbitro não advertiu ninguém.
Comandado por Pérez, o Estudiantes se lançou à frente, mas a ansiedade fez com que os argentinos perdessem bolas fáceis e abrissem chance para o Cruzeiro aparecer com perigo na frente. Aos 28, Ramires cruzou na direção de Leonardo Silva, que apareceu livre na área, mas cabeceou para fora.
Com o Estudiantes perdido em campo, a Raposa começou a aparecer bem nos contra-ataques. Aos 35 minutos, Kléber perdeu a chance do jogo. Wagner cruzou, Andújar espalmou nos pés do Gladiador, que, com o goleiro adversário caído, mandou para fora. Aos 38, a conclusão de Wellington Paulista, após cabeçada de Jonathan, passou perto, mas também não exigiu trabalho do arqueiro rival. Aos 44, a última boa chance do jogo foi dos argentinos com Salgueiro, que chutou forte, assustando o goleiro Fábio, mas a bola saiu.
Ficha do jogo
ESTUDIANTES 0 x 0 CRUZEIRO | |
Andújar; Cellay, Desábato, Schiavi e Germán Ré; Braña, Verón, Enzo Pérez e Benítez (Nuñez); Gastón Fernández (Salgueiro) e Boselli | Fábio; Jonathan, Anderson, Leonardo Silva e Gerson Magrão (Fabinho); Henrique, Marquinhos Paraná, Ramires e Wagner; Kléber e Wellington Paulista |
Técnico: Alejandro Sabella | Técnico: Adilson Batista |
Cartões amarelos: Benítez, Schiavi e Desábato (Estudiantes), Kléber, Ramires e Wagner (Cruzeiro) | |
Estádio: Ciudad de La Plata (Argentina). Data: 8/7/2009. Árbitro: Jorge Larrionda (URU). Auxiliares: Pablo Fandiño (URU) e Mauricio Espinosa (URU). |
Fonte: Globo.com
Comentário da Redação
Nada está ganho
O jogo não foi bom. Porém o resultado de 0 a 0 foi ótimo para o Cruzeiro. Principalmente porque na decisão da Libertadores não existe aquela história de gol fora. Ou seja, será campeão aquele que vencer a partida, seja no tempo normal, na prorrogação, ou nos pênaltis. E ninguém mostrou mais competência para vencer um jogo neste torneio do que o time de Minas Gerais.
Mas é bom lembrar que nada está acabado. Talvez se o Kléber não tivesse titubeado na hora de estufar aquela bola para as redes, com o gol vazio, eu estivesse com outro discurso aqui. Isso porque uma coisa ficou clara na minha percepção: o Estudiantes tem muita dificuldade para tomar conta das ações em um jogo de alto nível. Ou seja, o time argentino joga muito melhor quando não tem a responsabilidade de atacar, o que deve acontecer na próxima quarta-feira, no Mineirão.
Entretanto, também ficou muito clara a diferença técnica entre as equipes. O Cruzeiro é muito, mas muito mais time. E é nisso que Adilson Batista deve focar durante os próximos sete dias. Ele precisa bater nessa tecla, insistir na qualidade de seus jogadores, pois é aí que está a chave para a vitória. Nada melhor do que depender do seu próprio futebol.
O Cruzeiro soube muito bem neutralizar as poucas peças diferenciadas do time argentino. E quando isso não foi possível, lá estava Fabio para fechar a meta com tijolos. No segundo tempo, a Raposa ainda teve chances de ouro para matar a disputa, mas o trio Wagner, Wellington e Kléber não esteve bem. O empate sem gols, contudo, ficou de bom tamanho.
Pelo que vi, aposto no terceiro título do Cruzeiro na Libertadores na próxima semana. Apenas um palpite de quem já é gato escaldado nesse tipo de situação e que sabe bem que no futebol nada está ganho enquanto a bola está rolando.
Conceitos - CRUZEIRO
Fábio - ÓTIMO: Atuação fantástica. Defesas importantes nas horas certas. Destaque para um chute sensacional de Verón defendido de forma mais espetacular ainda pelo arqueiro mineiro.
Jonathan - BOM: Acostumado a subir bem para o ataque, o lateral entendeu a importância de ajudar a marcação e pouco foi à frente.
Anderson - PÉSSIMO: Jogou completamente fora de sintonia com o time.
Leonardo Silva - BOM: Enquanto Anderson levava um pequeno baile de tango, Leonardo Silva segurava as pontas na defesa. Não perdeu uma pelo alto.
Gerson Magrão - REGULAR: Foi muito mal no primeiro tempo. Sentiu muito o jogo. Mas, na etapa complementar, seguiu a fórmula do Jonathan e melhorou na partida. Só subiu na boa e participou de jogadas importantes.
(Fabinho) - SEM CONCEITO: Nem tocou na bola.
Henrique - ÓTIMO: Sou fã desse jogador. Mais uma vez cadenciou bem o jogo, não deu espaços para Verón e cia. e ainda chegou com perigo no ataque.
Marquinhos Paraná - BOM: Muito bem na marcação. Foi discreto e tocou poucas vezes na bola, mas é o jogador que todo time precisa.
Ramires - BOM: Trabalhou bem pelos lados do campo e incomodou muito a defesa argentina.
Wagner - PÉSSIMO: Muito afobado. Teve inúmeras oportunidades para definir o jogo ou servir um companheiro bem posicionado, mas sempre escolheu a opção errada.
Kléber - REGULAR: Só não dou um conceito pior porque deu muito trabalho aos argentinos com seu estilo de jogo corpo-a-corpo, que irrita qualquer adversário. Mas hoje, definitivamente, não era o dia do "Gladiador". Perdeu a chance da partida com o gol vazio.
Wellington Paulista - PÉSSIMO: Caiu na lábia dos argentinos e ficou procurando encrenca o jogo inteiro. Por sorte, o árbitro Larrionda não estava muito a fim de distribuir cartões. Com a bola nos pés, um horror.
Téc: Adilson Batista - BOM: Armou muito bem o time e quase saiu de La Plata com um resultado positivo. Agora ele precisa apostar na qualidade do Cruzeiro para conquistar seu primeiro título de Libertadores como treinador.
Conceitos - ESTUDIANTES
No Estudiantes, destaco a ótima atuação de Enzo Perez, um dos poucos argentinos que tentou fugir da mesmice do técnico Sabella. Verón também teve bons lampejos, mas é nítido que é muito para ele ser o responsável por todas as jogadas do time. E não adianta nada criar jogadas quando se tem um ataque tão inofensivo como este formado por Boselli e "la gata" Fernandéz. No Brasil, o Estudiantes precisa apostar tudo em sua defesa, muito sólida e experiente e torcer para encaixar bem os contra-ataques que devem surgir.
Direto da Redação
Redator: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário