Campeonato Brasileiro > São Paulo e Corinthians empatam no Morumbi. E o Palmeiras agradece...

* Timão sai na frente, com Ronaldo, e Tricolor empata, com Washington impedido. Alvinegro praticamente dá adeus ao título e Sampa cai para 3º

O empate de 1 a 1 entre São Paulo e Corinthians, na tarde deste domingo no Morumbi, não foi bom para nenhum dos dois. Pior: foi ótimo para o rival Palmeiras. O Timão, que já estava longe da briga, praticamente deu adeus a qualquer possibilidade de título, ao ficar em oitavo lugar, com 38 pontos, a 12 do líder Verdão. Já o Tricolor, que seguia na cola do Alviverde, foi a 45 pontos, mas caiu uma posição ao ser ultrapassado pelo Goiás, e viu a diferença para a ponta da tabela subir de três para cinco. Ronaldo abriu o marcador, no primeiro tempo, e Washington, em posição irregular, empatou na etapa final.

Os holofotes estavam em cima dos camisas 10 Defederico e Hernanes. Sobre o argentino por ser sua estreia pelo Corinthians, e no outro por retornar ao São Paulo após se recuperar de lesão no joelho direito. Porém, os protagonistas do clássico foram aqueles que vestem a 9: Ronaldo e Washington. Os dois balançaram as redes e foram os responsáveis pelo empate por 1 a 1, no Morumbi, pela 26ª rodada do Brasileirão.

Diante dos objetivos de cada um, o resultado não foi nada satisfatório. Para o Timão pelo menos, ajudou a manter um tabu que já dura desde 11 de fevereiro de 2007, data da última vitória do time do Morumbi sobre o rival. De lá para cá, as duas equipes duelaram oito vezes, com quatro empates e quatro triunfos do Corinthians. Outro ponto a se destacar é o rótulo de carrasco do São Paulo que carrega Ronaldo.

Especialmente quando joga no Morumbi. Neste ano, nos cincos clássicos entre as equipes, Ronaldo não perdeu nenhum. E mais: anotou dois gols no estádio do adversário. O primeiro deles na segunda semifinal do Campeonato Paulista.

Em jogo isolado da 27ª rodada, o São Paulo volta a campo na quarta-feira, às 21h50m, para encarar o Náutico, no estádio dos Aflitos, no Recife. O Corinthians, por sua vez, recebe o Atlético-PR no sábado, às 18h30m, no Pacaembu, em São Paulo.

Ronaldo, o carrasco

O pré-jogo foi agitado no Morumbi. O veto de Chicão foi confirmado, Richarlyson escalado, Rogério Ceni virou desfalque ao sentir a coxa esquerda e o goleiro Felipe foi impedido de aquecer no gramado. Com a bola rolando, os primeiros minutos foram de um São Paulo mais ligado e de um Corinthians tentando se achar em campo.

Ainda se adaptando ao futebol brasileiro, o estreante Matías Defederico foi recebido com um cartão de boas vindas. Na cor amarela. Tudo por conta de uma entrada mais dura em Renato Silva, logo aos três minutos. Pouco depois, o Tricolor chegou ao ataque com perigo. Hernanes cruzou e Jorge Wagner cabeceou para defesa de Felipe.

Após um período de marasmo no clássico, quem começou a aparecer aos 12 minutos foi o árbitro Ricardo Marques Ribeiro. E quando juiz ganha destaque, na maioria das vezes é negativamente. E assim foi. Primeiro ele não viu falta clara de William em Richarlyson. Depois uma entrada bastante dura de Renato Silva em Dentinho.

Aos 14, enfim, um lance que fez o torcedor se mexer na arquibancada. Depois de cobrança de escanteio de Marcinho, Paulo André apareceu bem para cabecear e obrigar Bosco a grande defesa. A resposta tricolor veio aos 16, com chute de Hernanes de fora da área, que passou à direita do gol defendido por Felipe.

Em tarde pouco inspirada, o árbitro voltou a dar seu show ao ignorar falta violenta de Renato Silva em Dentinho. O zagueiro são-paulino pisou no tornozelo do atacante corintiano. Após atendimento fora do gramado, o camisa 31 pediu para voltar, e Ricardo Marques Ribeiro autorizou. Justamente no momento de um passe para Jean.

O ala são-paulino estava de costas, não viu Dentinho e perdeu a bola. Pior para o Tricolor e ótimo para o Timão. Tudo porque André Dias e Bosco se atrapalharam na sequência. E vacilar na frente de Ronaldo é fatal. O camisa 3 dos anfitriões tentou recuar, o goleiro não pegou, e o Fenômeno, sem marcação, abriu o placar aos 20.

Foi então que o clássico ficou quente mesmo. Até o final do primeiro tempo teve bola na trave de Hernanes, aos 25, impedimentos mal marcados de Dagoberto, aos 28, e de Ronaldo, aos 31, após lindo lance de Defederico em cima de Renato Silva, e provocações entre Junior Cesar e Jorge Henrique.

Reação tricolor

As duas equipes voltaram para o segundo tempo com as mesmas formações. Embora não tenha mudado nada, o Tricolor iniciou a etapa complementar de maneira mais organizada. Apostando na troca de passes entre Dagoberto, Hernanes e Borges, os donos da casa tentavam chegar ao gol de empate, mas ao mesmo tempo o Timão tinha mais espaço para os contra-ataques. As defesas, porém, estavam bem postadas.

Aos 17 minutos, em uma das jogadas rápidas do Timão, o segundo gol saiu, mas não foi validado. Ronaldo ganhou de Renato Silva na corrida e a bola sobrou para Dentinho marcar. Só que o árbitro entendeu falta do Fenômeno no zagueiro. Apesar do susto, o São Paulo tinha mais posse de bola. O problema era que não conseguia finalizar.

Perigo mesmo quem criava era o Corinthians. E sempre com Ronaldo. Aos 22 minutos, após vacilo de Richarlyson, o camisa 9 avançou livre até a grande área. Só não contava que o volante são-paulino iria se recuperar e impedir o chute. Mais tarde, aos 25, a defesa alvinegra teve de engolir Washington. Impedido (26 centímetros à frente do último zagueiro corintiano), ele aproveitou bom cruzamento de Dagoberto e tocou na saída de Felipe: 1 a 1.

Depois do gol de empate do Tricolor, o Timão tentou ir para cima em busca da vitória, mas não obteve sucesso. Já os donos da casa não desistiram também do triunfo, mas esbarraram na forte marcação do rival e também na falta de pontaria. O São Paulo ainda se complicaria aos 45, quando Washington levou o segundo amarelo, dessa vez por reclamação, e foi expulso.

Ficha técnica

SÃO PAULO 1 x 1 CORINTHIANS
Bosco; Renato Silva, André Dias e Miranda; Jean, Richarlyson (Marlos), Hernanes, Jorge Wagner (Hugo) e Junior Cesar; Dagoberto e Borges (Washington).	Felipe; Alessandro, Paulo André, William e Marcinho; Marcelo Mattos, Jucilei e Defederico (Moradei); Jorge Henrique (Souza), Ronaldo (Bill) e Dentinho.
Técnico: Ricardo Gomes.	Técnico: Mano Menezes.
Gols: Ronaldo, aos 20 minutos do primeiro tempo; Washington, aos 25 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Defederico, Jorge Henrique, William (C); Dagoberto, Richarlyson, Washington (SP) . Cartão vermelho: Washington (SP).
Público: 32.180 pagantes. Renda: R$ 1.050.380,00
Estádio: Morumbi, em São Paulo (SP). Data: 27/09/2009. Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG). Auxiliares: Carlos Augusto Nogueira Júnior (SP) e Emerson Augusto de Carvalho (SP).

Fonte: Globo.com


Comentário da Redação
Visão tricolor > Um time sem ambição
Por Ricardo Pilat (ricardo.pilat@yahoo.com.br)

Até outro dia, o São Paulo era o "Jason" do Brasileirão, que renascia das cinzas para brigar pelo título mais uma vez. Mas desde que chegou no G4, o São Paulo vem caindo muito de produção. Medo, falta de ambição e pouca disposição são alguns dos defeitos do Tricolor nessas últimas rodadas.

Sempre que está vencendo, o São Paulo recua. Quando está empatando, se arrisca pouco. Quando está perdendo, ataca com cautela, abusando do chuveirinho, o que nos faz pensar se a insistência nessa jogada era teimosia de Muricy ou vício do time do Morumbi.

Hoje, o São Paulo começou melhor no clássico, mas nada que seja de se destacar. Somente Hernanes, que voltou bem demais, tentou algo diferente, fugindo do usual. Aí apareceu André Dias para piorar o que já não estava bom. Lance lamentável, que mostra um pouco da falta de concentração do time de Ricardo Gomes. Coisa que um time que quer ser campeão não pode fazer. Aliás, os zagueiros do Tricolor erraram demais.

O São Paulo continou atacando pouco, parando na forte marcação do Corinthians. Borges recebia muitas bolas, mas todas ruins, sem possibilidade de domínio ou sem companheiros próximos para trabalhar a jogada. Dagoberto não apareceu bem. Jorge Wagner era quem mais tentava essa aproximação, sem tanto sucesso.

No segundo tempo, Washington entrou no lugar de Borges e o panorama não mudou muito. A única diferença é que o camisa 9 teve uma oportunidade mais clara que o seu antecessor e concluiu. Lembrando, que o Coração Valente estava impedido no lance.

No final das contas, pela pouca vontade do Corinthians de atacar, o empate ficou de bom tamanho. Porém foi muito pouco para o um time que busca o título e que precisa ficar atento para não perder uma vaga na Libertadores.

Conceitos

Bosco - BOM: Entrou no lugar de Rogério Ceni, de última hora, e não pode ser responsabilizado no gol de Ronaldo.
Renato Silva - PÉSSIMO: Depois de André Dias, foi o trapalhão do jogo.
André Dias - PÉSSIMO: Só pelo lance do gol corintiano, não teria como ganhar outro conceito.
Miranda - REGULAR: Também não estava em seus melhores dias.
Jean - BOM: Apesar de não estar tão atento à marcação, fez boas jogadas no ataque.
Richarlyson - BOM: Jogou com muita raça e disposição. Evitou gol certo de Ronaldo.
(Marlos) - BOM: Entrou dando mais movimentação no jogo e arriscando mais jogadas individuais.
Hernanes - ÓTIMO: Na minha opinião, o melhor em campo. Voltou jogando com muita classe e deu o passe para o gol do tricolor.
Jorge Wagner - BOM: Valeu pela vontade do camisa 7. Tentou ajudar Borges no ataque, percebendo o isolamento do atacante.
(Hugo) - REGULAR: O time não estava muito ligado no jogo e o Hugo não ajudou a melhorar isso.
Junior Cesar - REGULAR: Teve muita dificuldade para jogar, já que Jorge Henrique não saiu do seu pé.
Dagoberto - REGULAR: Não buscou muito o jogo. Pareceu conformado com a marcação forte sofrida nas laterais de campo e quase não saiu das beiradas.
Borges - REGULAR: Se esforçou muito, mas só recebia bola quadrada.
(Washington) - REGULAR: Após o gol, estragou sua atuação ao levar dois cartões amarelos absurdos, ambos por irresponsabilidades. Um jogador profissional e experiente como Washington não pode ser tão infantil. E não é a primeira vez que o camisa 9 faz isso.
Téc: Ricardo Gomes - BOM: Foi bem na escalação e nas substituições. Seu problema, talvez, seja não ter tanta capacidade para advertir o time nesse momento, alertando para a queda eminente de rendimento.


Visão corintiana > Faltou elenco
Por Pedro Silas (pedro_sccp@yahoo.com.br)

Mesmo vindo de uma goleada sofrida em casa, era esperado que o Corinthians demonstrasse mais tranquilidade que o rival. Com poucas chances de título e já garantido na Libertadores, o Timão entrou em campo sem grande responsabilidade. Ao contrário do São Paulo, que entrou pressionado pela vantagem que o Palmeiras abriu na liderança. O Tricolor se mostrava nervoso e errava muito. Foi justamente em uma falha que saiu o gol do Ronaldo.

Tudo que o Timão precisava. Poderia jogar ainda mais marcando o adversário e saindo para o contra-ataque com rapidez, do jeito que gosta Dentinho e principalmente o Jorge Henrique, que lideram o time nesse esquema vencedor que o técnico Mano Menezes montou no início da temporada.

No entanto, o Corinthians apenas recuou e, óbviamente, chamou o adversário para cima. O Tricolor chegava com certa facilidade quando explorava o fraco lado esquerdo da zaga do Timão, mas a dupla de zagueiros do Timão foram muito bem muito e ajudaram a segurar o 1 a 0 por um bom tempo.

O Corinthians poderia ter garantido a vitória se o árbitro Ricardo Marques Ribeiro não tivesse anulado um gol de Dentinho, alegando falta do Ronaldo em cima do Renato Silva, coisa que não foi, na minha opinião. O juiz falhou também gol de Washington, que estava em posição irregular. Para não falar que só errou contra o Timão, a expulsão do camisa 9 são paulino aos 45 minutos do segundo tempo, foi exagerada e desnecessária.

Depois de sofrer o empate, o Alvinegro conseguiu segurar a empolgação do rival e no final do jogo teve chances claras para marcar o gol da vitória, mas pecou na finalização. Normal para quem tinha Bill e Souza no ataque, além de Moradei, que também entrou no time e perdeu um gol.

Faltaram opções melhores no elenco para o Mano Menezes mexer. Eram necessárias as saídas de Ronaldo e Defederico, ambos sem ritmo de jogo, além do Jorge Henrique, que vem de contusão e correu demais. Se até os que entraram criaram boas chances, imagine se as opções fossem melhores... O placar final poderia ser diferente.

Mesmo vencendo o clássico de hoje, o título estaria muito distante para o alvi-negro, e com o empate, é pensar de vez em 2010. Os jogos restantes do Brasileirão servirão para o Mano Menezes testar jogadores, entrosar o time e analisar em quais setores o Corinthians precisa de reforços.

Conceitos

Felipe - BOM: Não foi tão exigido, mas quando precisou, fez boas defesas. A melhor delas não valeu, em belo chute de Jorge Wágner, que estava em posição irregular.
Alessandro - BOM: Não jogou tudo que pode e apoiou pouco. Mas ficou bem posicionado o tempo inteiro e fez bem sua parte na marcação.
Paulo André - ÓTIMO: Desde que chegou, só vem melhorando seu futebol, e hoje fez sua melhor partida. Além de ir muito bem na zaga, segue indo levando perigo quando vai ao ataque e hoje quase marcou o seu de cabeça.
William - BOM: Além do seu futebol, a sua liderança e orientações aos companheiros faziam muita falta ao time. Sempre bem posicionado, foi muito bem nas jogadas aéreas.
Marcinho - PÉSSIMO: Sem dúvida o grande problema do time é a lateral-esquerda. É um pior que o outro entrando na posição após a saída do André Santos. As principais jogadas do São Paulo saíram pelo lado esquerdo da defesa corintiana.
Marcelo Mattos - REGULAR: Bem meia boca. Não vejo dando um desarme correto. Só anda cercando ou fazendo faltas bobas.
Jucilei - BOM: Fez um primeiro tempo discreto, mas creceu muito na segunda etapa, quando jogou mais à frente. Mas segue com o mesmo defeito: Abusa da individualidade e do drible, parece que quer sempre enfeitar. Mais uma vez perdeu um gol por causa disso.
Defederico - BOM: Fez uma boa estreia. Mostrou habilidade, agilidade, visão de jogo. Jogando pelos lados, como o Jorge Henrique e o Dentinho, o argentino pode render ainda mais.
(Moradei) - PÉSSIMO: Nem jogou tanto tempo para ter uma atuação tão ruim, mas cometeu dois erros fatais. Perdeu um gol chutando longe, tendo o Jorge Henrique livre ao lado, e foi o jogador que não saiu da área e ficou ao lado do Washington no gol do São Paulo. Mesmo que tenha sido impedimento, o volante corintiano errou.
Jorge Henrique - ÓTIMO: Como esse baixinho é importante para o time! Um guerreiro em campo, com ele a equipe joga de forma diferente, é fundamental nesse esquema que o Mano usa. Assim como nas semifinais do Paulistão, o Júnior César foi totalmente anulado pelo Jorge Henrique.
(Souza) - REGULAR: Pouco apareceu.
Dentinho - REGULAR: Prejudicou o time com essa mania de se jogar com qualquer toque ou puxão. Ainda mais hoje, com um árbitro que não apitava nem falta existente. Também não fez grandes jogadas, mas participou do gol do Ronaldo e marcou o gol que foi anulado.
Ronaldo - BOM: Como já era esperado, ainda está longe da melhor forma fisíca. Mas aproveitou um erro do adversário e deixou sua marca. Poderia ter feito o seu segundo, numa bola que o próprio camisa 9 roubou, e ensaiou uma arrnacada, mas sentiu o ritmo e na hora de finalizar, perdeu a bola para o Richarlyson.
(Bill) - REGULAR: Fez o time ganhar em movimentação na frente, mas mostrou pouca qualidade. No seu primeiro lance no jogo, poderia ter marcado, mas colocou muito na frente e acabou tocando a bola.
Téc: Mano Menezes - REGULAR: Começou com o melhor time que poderia escalar, exceto na lateral-esquerda. O paraguaio Balbuena já atuou pelo setor e foi bem. Seria uma opção bem melhor. Já nas substituições, muitos vão criticá-lo, mas o Mano fez o que deu. Os três que foram substituídos precisavam sair pela parte fisíca.


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