
Para o Brasil, o resultado serviu apenas para confirmar sua hegemonia no futebol sul-americano. Já classificada para o Mundial da África do Sul, ano que vem, a seleção lidera as eliminatórias, com 33 pontos. O Chile ainda tem mais dois jogos para tentar sua vaga, e precisa de três pontos em seis que vai disputar.
Nilmar marca e aperta
O Chile começou o jogo abusado. Com uma formação ousada de três atacantes - Sanchez pela direita, Beausejour pela esquerda e Suazo centralizado - o time de Marcelo Bielsa se aproveitava de espaços entre a defesa e os volantes brasileiros, que iniciaram o jogo muito distantes. Nos cinco primeiros minutos, os chilenos rondaram perigosamente a área brasileira, sem, no entanto, conseguir arrematar a gol.
O problema é que eles cutucaram onça com vara curta. A partir do momento que a seleção brasileira colocou a bola no chão e conseguiu acertar uma sequência de, pelo menos, três passes certos, encontrou uma defesa chilena atrapalhada, mal posicionada, que não oferecia a menor resistência às investidas. O primeiro gol canarinho poderia ter saído aos 7, quando Luisão subiu mais alto que todo mundo e completou com uma cabeçada firme a cobrança de escanteio da esquerda. Matias Fernandez, sobre a linha, salvou.
O Brasil melhorou sua marcação, a defesa se adiantou, e o Chile, embora ainda conseguisse dominar a bola pelo meio, teve dificuldades de se aproximar da área. Passou, então a arriscar chutes de fora. O de Fernandez, aos 17, obrigou Julio César a espalmar, na primeira participação do goleiro brasileiro na partida.
A seleção de Dunga seguia apertando a defesa chilena. A rapidez de Nilmar, a força de Adriano e as chegadas constantes de Daniel Alves, que, para alegria dos baianos, foi titular no meio, na vaga de Elano, levavam a zaga adversária à loucura. Aos 31, Daniel acertou bom cruzamento da direita, Adriano e Nilmar foram na bola, mas ela acabou no pé esquerdo do ex-colorado, que acertou um chute firme, de primeira, estufando as redes.
O jogo estava franco. O Chile tentava atacar, e o Brasil respondia em cima. Aos 39, Matias Fernandez recebeu cruzamento de Sanchez e emendou um chute de direita. Julio César salvou. Na resposta, aos 40, a defesa chilena mostrou mais uma vez toda a sua fragilidade. O goleiro Bravo tentou sair jogando e deu um passe muito fraco para seus zagueiros Jara e Ponce. Nilmar roubou a bola e rolou para Daniel Alves, que tocou de primeira para Júlio Baptista. O camisa 10 vinha pelo meio e completou de pé direito, num chute colocado, rasteiro, no canto direito.
Mas o Chile não estava entregue, apesar dos gritos de olé da torcida brasileira. Se a defesa é fraca, o ataque é insinuante. Sanchez, mais ainda. Aos 44, como um autêntico ponta-direita, ele deixou André Santos na saudade, invadiu a área e foi derrubado por Felipe Mello. Pênalti que Suazo, aos 45, bateu firme, pelo alto, sem chances para Julio César.
Nilmar resolve de novo
Com o gol marcado no finzinho do primeiro tempo, os chilenos voltaram acesos para o segundo. Logo aos quatro minutos, o sempre perigoso Sanchez foi para cima de Felipe Melo, que apelou, deixou o pé e acertou o adversário. Acabou expulso, apesar dos protestos dos brasileiros, que consideraram o vermelho exagerado.
O fato é que, com um jogador a menos, ainda mais um volante, a defesa brasileira se escancarou. E aos sete, veio o empate. Matias Fernandez entrou pela esquerda e cruzou. Suazo entrou sozinho pelo meio da área e completou de primeira.
Tensão no ar. A seleção passou a errar passes. Daniel Alves, que fez um ótimo primeiro tempo, caiu demais. Nilmar e Adriano, isolados, não conseguiam dominar a bola. Aos 21, a torcida já começava a ensaiar vaias e a pedir mudanças na equipe. Dunga atendeu, colocando Sandro no lugar de Júlio Baptista. Diego Tardelli também entrou na vaga de Adriano, que sumiu. Elano substituiu André Santos.
Com as mudanças, o Brasil melhorou. Controlou novamente a posse de bola e houve maior aproximação dos meias com o ataque. Aos 29, no cruzamento da direita executado por Maicon, Nilmar ganhou pelo alto e cabeceou para o gol, balançando as redes. Aí, o Chile se entregou. Aos 31, Elano acertou lindo lançamento para Maicon, que entrou pela direita e chutou cruzado. Na sobra, Nilmar mais uma vez empurrou para o gol: 4 a 2.
Logo depois, o Chile passou a ficar também com dez. Sanchez acabou expulso. Com o jogo ganho, a seleção apenas se limitou a controlar as tentativas chilenas. No fim, aplausos da torcida baiana.
Ficha do jogo
BRASIL 4 x 2 CHILE | |
Julio César, Maicon, Miranda, Luisão e André Santos (Elano); Felipe Melo, Gilberto Silva, Daniel Alves e Júlio Baptista (Sandro); Nilmar e Adriano (Diego Tardelli). | Muñoz Bravo, Medel, Jara, Ponce e Millar (Isla); Carmona, Vidal (Cereceda) e Matias Fernandez; Sanchez, Suazo (Valdivia) e Beausejour |
Técnico: Dunga. | Técnico: Marcelo Bielsa. |
Gols: Nilmar, aos 31, Júlio Baptista, aos 40, e Suazo, aos 45 minutos do primeiro tempo; Suazo, aos 7, e Nilmar, aos 29 e 31 minutos | |
Cartões amarelos: Jara, Sanchez (Chile). Cartão vermelho: Felipe Melo (Brasil) e Sanchez (Chile). | |
Estádio: Pituaçu, em Salvador. Data: 09/09/2009. Árbitro: Jorge Larrionda (URU). Auxiliares: Pablo Fandino (URU) e Mauricio Espinosa (URU). Público e renda: 30.370 pagantes/R$ 4.350.425,00 |
Fonte: Globo.com
Comentário da Redação
Valeu pelo Nilmar
Goleada da Seleção na Bahia. Mas não foi nada disso que você, que talvez não tenha visto o jogo, está pensando. O Brasil mistão não fez uma boa atuação. Foi evidente a falta que Kaká, Luís Fabiano e Lúcio fizeram à equipe de Dunga. Obviamente, jogadores como esses fazem falta a qualquer time.
A defesa estava completamente perdida. Não fosse a falta de pontaria dos chilenos e mais uma atuação inspirada de Julio César, o Chile poderia até ter saído vencedor do primeiro tempo, pois criou as melhores chances. Acabou castigado por Nilmar, astuto no primeiro gol e guerreiro no segundo.
Na etapa final, veio o empate, justo. Porém, os chilenos se arriscaram, fizeram alterações equívocadas e foram novamente castigados pelo Brasil de Nilmar, que jogou muita bola. Atuação para cravar seu nome na Copa do Mundo. O mesmo não podemos dizer de Adriano, figura muito apagada e que parece pouco com isso.
Se Nilmar foi o grande nome do jogo, a figura negativa foi Felipe Melo. O volante que havia jogado até agora os 90 minutos em todas as partidas que fez pela seleção - 12 jogos - acabou expulso por uma entrada criminosa no jogador chileno. E Felipe já vinha jogando muito mal, distribuindo passes errados, e marcando o vento. Foi também autor do pênalti convertido por Suazo.
Nunca fui com a cara do Felipe Melo na Seleção, mas sou obrigado a admitir que ele vem jogando muito bem no time de Dunga. Entretanto, não é de hoje que esse rapaz mostra descontrole e joga de forma irresponsável, não só pela Amarelinha, mas também pelos times onde atuou e atua. É bom ficar de olho.
No fim das contas, valeu pela vitória, pela festa e pelo bom futebol de Nilmar. As experiências feitas por Dunga não surtiram o efeito esperado, mas o treinador terá cerca de nove meses para mexer e testar várias opções até o início da Copa. Tempo não será problema.
Direto da Redação
Redator: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br
Siga-me no Twitter: @ricardopilat
Nenhum comentário:
Postar um comentário