
O São Paulo, terceiro colocado, chegou aos 52 pontos, dois a menos que o Palmeiras, líder do campeonato. O Santos, por sua vez, parou no 13ºlugar, com 41, e dá adeus às chances de vaga na Libertadores.
Bola parada movimenta o placar
O San-São começou com tudo. Ainda que os times não tenham sido brilhantes tecnicamente, pelo menos houve muita disposição. E também falhas. Muitas, aliás. Os quatro gols da primeira etapa saíram em jogadas de bola parada.
A defesa são-paulina, uma das melhores da competição, sofreu pane no jogo aéreo. Isso ficou evidente nos gols marcados pelo Santos na primeira etapa. No primeiro, aos seis, Madson cobrou escanteio da direita, Rodrigo Souto subiu no primeiro pau e desviou para André, substituto de Kléber Pereira, que ficou fora do clássico para cumprir suspensão automática, marcar o seu segundo gol como profissional, o primeiro em um clássico.
O São Paulo só conseguia criar chances quando a bola caía nos pés de Hernanes. Nesses momentos, o camisa 10 mostrava por que é o principal jogador tricolor. Aos 12, em jogada individual, o volante sofreu falta de Astorga na entrada da área, pelo lado esquerdo. Ele mesmo executou a cobrança. Perfeita. Como manda o manual do bom batedor. A bola acertou o ângulo superior esquerdo de Felipe, que só se esticou para sair bem na foto.
O gol não assustou o Santos. Pelo contrário, o time da Vila partiu novamente para cima e, mais uma vez, aproveitou-se de falha da zaga adversária. Em um lance bem parecido com o do primeiro gol, o Peixe ampliou, aos 26. Madson cobrou escanteio na direita, e Rodrigo Souto apareceu novamente na frente dos marcadores para desviar. Desta vez, a bola entrou direto.
O jogo era lá e cá, e o São Paulo quase empatou aos 28, quando Hernanes, sempre ele, pegou o rebote pelo meio e chutou rasteiro. Felipe caiu e mandou para escanteio. O Santos era ligeiramente melhor, tinha mais posse de bola, mas acabou provando do seu próprio veneno: a jogada de escanteio. Aos 38, Hernanes cobrou pela esquerda. A bola passou por todos os defensores santistas e sobrou para Washington, que, mesmo desequilibrado, acertou o chute. A bola foi em cima de Felipe, que acabou mandando para o próprio gol ao tentar desviar.
Rogério Ceni: fim de jejum e expulsão
Na volta do intervalo, o São Paulo passou a pressionar, ficando boa parte dos minutos iniciais dentro da área santista. A virada era inevitável. Aos 14, Jorge Wagner recebeu cruzamento da direita, se antecipou à marcação e empurrou para o gol.
O gol sofrido acordou o Peixe, e as mudanças de Vanderlei Luxemburgo também ajudaram. Felipe Azevedo e Madson foram substituídos por Róbson e Jean, respectivamente. Não que os dois que entraram tenham sido brilhantes, mas melhoraram um o toque de bola santista. Aos 21, em boa triangulação, Triguinho desceu pela esquerda e cruzou no meio da área. Róbson, sozinho, subiu para cabecear e empatar a partida.
Mas não houve tempo para comemorar. Aos 22, o fim de um jejum. Dagoberto sofreu falta de Astorga na entrada da área. Rogério Ceni bateu e voltou a balançar as redes após um ano. A última vez havia sido no dia 19 de outubro de 2008, no empate em 2 a 2 com o Palmeiras.
E ainda havia mais emoção por vir, pois o Santos partiu com tudo para cima do São Paulo. Aos 33, Jean escapou livre pela direita e sofreu falta de Ceni quando iria dribá-lo e entrar cara a cara com o gol vazio. O goleiro era o último homem e acabou levando o cartão vermelho. Após a saída de seu capitão e com a vantagem no placar, o São Paulo se trancou. Foi bombardeado pelo Peixe, mas conseguiu segurar o placar e o seu lugar entre os quatro mais bem colocados do Brasileirão.
Ficha do clássico
SANTOS 3 X 4 SÃO PAULO
Local: Estádio Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 25 de outubro de 2009
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS)
Assistentes: Roberto Braatz (Fifa-PR) e Altemir Hausmann (Fifa-RS)
Renda: R$ 217.640,00
Público: 8.735 pagantes
Cartões amarelos: Germano, Adaílton (Santos), André Dias, Jean, Miranda (São Paulo)
Cartão vermelho: Rogério Ceni (São Paulo)
GOLS: André, aos seis, Rodrigo Souto, aos 26 minutos do primeiro tempo; Robson, aos 21 minutos do segundo tempo (Santos); Hernanes, aos 12, Washington, aos 38 minutos do primeiro tempo; Jorge Wagner, aos 15, Rogério Ceni, aos 23 minutos do segundo tempo (São Paulo).
SANTOS: Felipe; Pará, Astorga, Adaílton e Triguinho (Léo); Germano, Rodrigo Souto, Felipe Azevedo (Robson), Paulo Henrique Lima e Madson (Jean); André
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Renato Silva, André Dias e Miranda; Adrián González (Zé Luis), Jean, Hernanes, Jorge Wagner e Junior Cesar; Dagoberto (Borges) e Washington (Denis)
Técnico: Ricardo Gomes
Fontes: Gazeta Esportiva e Globo.com
Comentário da Redação
As defesas decidiram
Foi um jogo muito legal na Vila Belmiro, aberto, com chances de gol dos dois lados e com muitas falhas defensivas. E elas foram decisivas para o resultado final. O São Paulo errou muito, principalmente no jogo aéreo, mas o Santos conseguiu ser pior e a vitória Tricolor acabou sendo indiscutível.
No primeiro tempo, o Santos fez um jogo interessante, fechando os espaços na defesa e saindo em contra-ataques pelas laterais. Madson e Felipe Azevedo se movimentavam, trocando de lado a todo instante, mesmo sem participarem muito das ações ofensivas do Peixe. André, na frente, segurava os zagueiros. O São Paulo não conseguia furar o bloqueio do Santos porque faltou movimentação de Dagoberto e Washington. Hernanes fazia boas jogadas, mas a bola não chegava em boas condições aos avantes.
O camisa 10 apareceu bem também na cobrança de falta que empatou o jogo. Talvez, o único lance em que não houve grande falha defensiva das duas partes. Antes, André havia feito de cabeça em erro da defesa tricolor no escanteio. Rodrigo Souto, livre na primeira trave, fez 2 a 1. Washinton, livre no segundo pau, chutou fraco e Felipe entregou o ouro, empatando o jogo novamente.
Na etapa final, o São Paulo voltou mais ligado e logo fez o terceiro, em nova falha santista. Astorga deixou Jorge Wagner livre para concluir de perna direita. Um crime.
Robson, que entrou no lugar de Madson, fez apenas uma coisa no jogo: o gol de cabeça que igualou o placar em 3 a 3. O nanico também apareceu livre. Interessante ressaltar que foram três gols de cabeça dos santistas. Ricardo Gomes tem que ficar ligado nisso.
Na sequência, falta (que não existiu, na minha opinião) na entrada da área. Não sei o que pensou o time santista, que formou uma barreira de nove jogadores na frente de Felipe. O goleiro não viu nada, a não ser a bola chutada por Rogério Ceni estufar as redes no canto em que ele deveria estar. Mais um erro grotesco e determinante para o resultado final.
Falando em erros, não achei que Carlos Simon errou ao expulsar Rogério. Não era uma situação tão clara de gol de Jean, mas o capitão tricolor saiu da meta e fez uma falta escandalosa e desproporcional. Simon falhou, sim, ao dar apenas três minutos de acréscimo, já que só o lance da expulsão de Ceni resultou em cinco minutos de paralisação.
O São Paulo voltou à briga pelo título, mas precisa melhorar muito em todos os aspectos. A defesa falhou demais. E não é todo jogo em que o rival consegue falhar ainda mais. O ataque também produziu pouco. Contou com três gols de bola parada. É preciso movimentar mais no ataque. Mas o tricolor terá duas ótimas oportunidades para fincar o pé no G4: duelos seguidos no Morumbi, contra Inter e Barueri.
Ao Santos, que tomou a 3526ª virada no campeonato, restará cumprir tabela. Não vai ser campeão, não vai à Libertadores e não vai cair. Desse jeito, nem Sul-Americana o Peixe belisca. O final de ano será bem monótono na Vila Belmiro, tirando a disputa eleitoral pela presidência que deve ser quente.
Conceitos - SANTOS
Felipe - REGULAR: Dos quatro gols, falhou em pelo menos dois. Está longe de inspirar confiança.
Pará - REGULAR: Muito discreto pela direita.
Astorga - PÉSSIMO: Acabou sendo decisivo negativamente. Estava presente (e mal) em todos os gols são-paulinos.
Adaílton - BOM: Voltou bem ao time. Vai melhorar com o tempo.
Triguinho - BOM: Vinha sendo um dos melhores em campo, mas Luxemburgo achou melhor tirá-lo.
(Léo) - REGULAR: Pouco mudou a equipe. Não entendi sua entrada na partida.
Germano - REGULAR: Uma no cravo, outra na ferradura. Esse é o lema do Germano. Ele é muito irregular durante os 90 minutos.
Rodrigo Souto - ÓTIMO: Atuação impecável do camisa 8. Um gol e uma assistência, além de firme marcação pelo meio.
Felipe Azevedo - PÉSSIMO: Que jogador mais fraquinho o tal de Felipe...
(Robson) - REGULAR: Fez o gol e só. Errou muito em pouco tempo que esteve em campo.
Paulo Henrique - REGULAR: Fez algumas boas jogadas em lances isolados, mas faltou entrar mais no jogo.
Madson - REGULAR: Participou muito pouco do jogo, o que não é comum.
(Jean) - BOM: Deu outra movimentação ao time e cavou a expulsão do Rogério. Poderia ter começado o clássico.
André - BOM: Fez um gol de artilheiro e teve outras oportunidades para marcar. Precisa de outras oportunidades daqui pra frente.
Téc: Vanderlei Luxemburgo - REGULAR: Armou o time direitinho, com uma boa estratégia, mas o material humano não ajudou. No entanto, errou ao tirar o Madson e errou ao tirar o Triguinho. Gastou duas substituições à toa. Luxa, se eu fosse você, começava a planejar a candidatura mesmo...
Conceitos - SÃO PAULO
Rogério Ceni - BOM: Tirando sua expulsão, que achei justa e desnecessária, Rogério fez boas defesas e ainda marcou o gol da vitória.
Renato Silva - PÉSSIMO: Pareceu meio perdido no meio da defesa, sempre assistindo o ataque santista jogar.
André Dias - PÉSSIMO: Não achou ninguém no jogo aéreo e ainda fez algumas faltas feias.
Miranda - REGULAR: Não estava em grande dia. A defesa do São Paulo foi um grande problema.
Adrián González - ÓTIMO: Um dos melhores em campo. Apareceu com perigo no ataque e deu o passe para o terceiro gol.
(Zé Luis) - SEM CONCEITO: Entrou para ganhar tempo.
Jean - REGULAR: Ficou mais atrás e apareceu pouco.
Hernanes - ÓTIMO: Atuação genial do camisa 10, principalmente no primeiro tempo. É esse Hernanes que pode decidir para o São Paulo na reta final.
Jorge Wagner - BOM: Falhou em algumas jogadas defensivas, mas foi bem no ataque e ainda marcou o seu.
Junior Cesar - REGULAR: Poderia participar mais do jogo, tinha espaço para isso.
Dagoberto - REGULAR: Faltou se movimentar mais, pois a defesa do Santos abre muitos espaços.
(Borges) - SEM CONCEITO: Nem tocou na bola.
Washington - BOM: Não foi brilhante, mas deixou sua marca.
(Denis) - REGULAR: Entrou com segurança, mas foi pouco exigido.
Téc: Ricardo Gomes - REGULAR: Acho que demorou para mexer no time. Terá o trabalho de acertar a defesa e o ataque do São Paulo. No meio-campo, o tricolor mostrou-se muito forte, principalmente quando Hernanes está inspirado.
Direto da Redação
Redator: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br
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