
Ao final do jogo, Diego e seus atletas atacaram a imprensa argentina.
- Tem que lutar até a morte. Porque eu amo a Argentina e a levo no coração. Não me importa o que digam os jornalistas. A p... que os pariu!
Jogo amarrado
Duas torcidas eufóricas, famintas pela classificação, formaram o ambiente de um jogo inesquecível. Durante toda a semana, o futebol foi o centro de cada conversa pelas ruas de Montevidéu. O Centenário lotou. Os argentinos apareceram em bom número, cerca de 3 mil pessoas. A entrada em campo das duas equipes fez o lendário estádio balançar: ele recebia, naquele momento, mais um episódio para sua história, construída jogo a jogo desde 1930.
No primeiro tempo o Uruguai pressionou muito. Tentou de tudo. Faltou o gol. Por pouco, mas faltou.
A pressão dos uruguaios teve seu ápice logo no começo da partida. Com três minutos, Diego Forlán, pela direita, acionou o atacante Suárez em profundidade. Virou uma pequena corrida entre ele e o goleiro Romero. Ambos partiram em disparada. O argentino chegou antes e deu um bico na bola, que estourou em Suárez e rumou a caminho do gol. Deve ter durado dois segundos, não mais que isso, o trajeto da bola até a linha de fundo. Foi tempo suficiente para que o mundo parasse para argentinos e uruguaios. E ela saiu.
O Centenário respondeu com um “uuuuuuuh” de incredulidade. E não seria o único. Em cabeceio de Scotti, quase saiu o gol. Em chute cruzado de Álvaro Pereira, também. Até a metade do primeiro tempo, tudo que a equipe de Diego Armando Maradona fez foi correr atrás do adversário.
Faltaram chances, sobrou pancada. O jogo teve momentos de violência na etapa inicial. Heinze, da Argentina, quase dividiu Rodríguez ao meio. Depois, o mesmo Heinze levou entrada muito forte Maximiliano Pereira. Ninguém foi expulso.
Gol heroico
O período final começou estudado, mais centrado no meio do campo, como se as duas equipes temessem atacar. Houve lances de bate-rebate nas duas áreas. Forlan, em avanço pelo meio, buscou o canto do goleiro argentino. A bola saiu por pouco.
Até a torcida estava mais quieta do que antes. Mas aí saiu a notícia do gol do Chile sobre o Equador. O estádio voltou a pulsar. Bastava um gol para o Uruguai garantir vaga na Copa. Um gol e nada mais. Para a Argentina, em contrapartida, o empate passou a valer ouro. Com ele, a classificação estava garantida.
A equipe de Maradona se retraiu. Fechou um ferrolho defensivo e passou a atacar só na boa, geralmente em contra-ataques. Deixou o tempo passar. Como a zaga funcionou bem, conseguiu controlar o Uruguai sem muitos sustos. Mas a tranquilidade jamais foi absoluta.
Aos 28 minutos, o gol uruguaio não saiu por detalhes. Forlan, em falta perto da área, mandou na cabeça de Lugano. Livre, o capitão celeste até conseguiu desviar a bola, mas para fora. Houve um ruído geral no Centenário, um lamento uniforme, como se aquela fosse a última chance.
O Uruguai, conforme o tempo passava, errava mais. A Argentina percebeu e manteve os pés no chão para segurar o resultado. E conseguiu mais. Aos 38 minutos, em falta cobrada por Messi, a bola passou por Verón e sobrou para Bolatti, mandado a campo por Maradona, fazer o gol.
Foi o gol da divindade de Maradona. Ele, gênio eterno como jogador, não poderia manter o posto de Deus com um 0 a 0. Na comemoração, Dieguito, extasiado, abraçou jogadores, colegas de comissão técnica, xingou jornalistas e fez a festa pela classificação.
Logo após o apito final da partida, o defensor uruguaio Maxi Pereira acertou um soco em um atleta argentino e foi expulso pelo árbitro Carlos Amarilla.
Ficha do jogo
URUGUAI 0 x 1 ARGENTINA | |
Muslera, Scotti, Lugano e Cáceres; Maxi Pereira, Diego Pérez, Walter Gargano (Cristian Rodríguez), Jorge Rodríguez (Cavani) e Álvaro Pereira; Luis Suárez (Loco Abreu) e Diego Forlan. | Romero, Otamendi, Demichelis, Schiavi e Heinze; Gutiérrez, Mascherano, Verón e Di Maria (Monzón); Messi (Tevez) e Higuaín (Bolatti). |
Técnico: Oscar Tabárez. | Técnico: Diego Maradona. |
Gols: Bolatti, aos 39 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Diego Pérez, Scotti, Cáceres, Maxi Pereira (Uruguai); Heinze, Otamendi, Romero (Argentina). Cartões vermelhos: Cáceres e Maxi Pereira (Uruguai) | |
Estádio: Centenário-URU. Data: 14/10/2009. Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai). Auxiliares: Nicolas Yegros (Paraguai) e Emigdio Ruiz (Paraguai). |
Fonte: Globo.com
Comentário da Redação
Alma e corazón
Foi incrível o clássico no Estádio Centenário. Um jogo nervoso, disputado, emocionante. Não teve nada de técnica. Nada. Mesmo com algumas estrelas em campo, Uruguai e Argentina engrossaram o caldo. Jogaram muito mal. Situação até natural pela importância do jogo e o medo de ambos de ficar fora do Mundial.
Na etapa inicial, o Uruguai pressionou, mas bateu na forte parede de Maradona. Que retranca! Schiavi, Otamendi, Demichelis e Heinze na defesa. Só faltou o próprio Dieguito lá na retaguarda. Quando tinha a bola, a Argentina jogava com qualidade, tocando bem a bola e fazendo o cronômetro rodar. Faltava mais atitude para jogadores como Messi e Higuain, que pouco tentaram participar do jogo.
Enquanto isso, Verón, o melhor em campo, orquestrava de forma brilhante o time da Argentina.
Já o Uruguai, se mostrou um time de poucas alternativas e sem grande brilho individual. Ainda mais com a principal estrela, Forlan, bem marcado.
Na etapa final o jogo virou uma guerra. Poucas chances foram criadas, para não dizer nenhuma. O Uruguai insistia em jogadas individuais equivocadas e passes longos sem sucesso. A Argentina nem se arriscava a passar do meio de campo.
Quando o Equador sofreu o gol do Chile, o jogo ficou um pouco mais aberto, já que o medo das equipes diminiuiu. Mas o de Maradona aumentou. Ele tirou Higuain para colocar o volante Bolatti. Diós deu sorte e viu o jogador do Huracan meter uma bola para as redes, um minuto depois de Carceres, do Uruguai, ser expulso em jogada infantil.
A classificação estava consolidada, na alma e no coração.
Pela qualidade dos jogadores argentinos, seria um desastre se nossos hermanos ficassem de fora do Mundial. Assim será muito melhor.
E apesar da sorte de hoje, o Maradona continua provando que tudo o que sabe sobre futebol ele aproveitava com seus pés. Ele não pode ser o treinador da Argentina no Mundial. Pelo bem dele e da Seleção.
Ao Uruguai restou a repescagem mais uma vez. Uma pena.
Direto da Redação
Redator: Ricardo Pilat
ricardo.pilat@yahoo.com.br
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