
O Mundial foi no Chile, mas os donos dele foram brasileros. Em particular, três: Nílton Santos, Amarildo e Garrincha. Os três, curiosamente, jogavam no Botafogo, mas não eram estrelas solitárias na seleção brasileira que levou o bicampeonato do Mundo em 1962. Muito pelo contrário.
Pelé, Didi, Zagalo, Mauro Ramos e Gilmar eram apenas algumas das outras estrelas daquela constelação verde-amarela. Contudo, todos estes não conseguiram brilhar mais do que Nílton Santos, Amarildo e Garrincha. E vou explicar o porquê.
Passinhos brilhantes
Não à toa Nílton Santos era conhecido com a "Enciclopédia do Futebol". Além de marcar com firmeza, o lateral-esquerdo jogava com elegância. Não tinha medo da bola nos pés. Era um defensor completo e moderno para a época, pois foi um dos primeiros a subir ao ataque com frequência. Na Copa de 58, marcou um gol contra a Áustria.
Mas o que viria a consagrar Nílton Santos no Mundial do Chile foi sua astúcia para ludibriar o árbitro na partida contra a Espanha - que tinha Gento e o húngaro Puskas, naturalizado espanhol - pela primeira fase da Copa.
Quando os espanhóis venciam por 1 a 0, o ponta Collar foi derrubado pelo genial Níton dentro da área: pênalti, senhoras e senhores! Não, não foi!
A Enciclopédia tirou uma carta da manga e com dois passinhos, ele saiu da área logo em seguida ao estridente som do apito. O juiz, que estava longe da jogada, foi condenado a pensar que a infração acontecera ali fora. Engano que ajudou o Brasil e vencer aquela partida por 2 a 1, conquistando vaga para a segunda fase e eliminando a temida "Fúria.
Amarildo "Pelé"
O jogo contra a Espanha marcou também a estreia de Amarildo naquela Copa. Pelé, titular absoluto, se machucou na partida anterior, empate sem gols contra a Tchecoslováquia. Sobrou para Amarildo a missão de substituir o Rei do Futebol durante os jogos seguintes.
E logo de cara, o craque do Botafogo marcou os dois gols do triunfo contra a Espanha. Ele voltaria a marcar mais uma vez na final contra a Tchecoslováquia, vitória por 3 a 1. Mas Amarildo nem precisou ser artilheiro daquele Mundial ou marcar mil gols na carreira para conquistar a fama de melhor substituto que Pelé já teve em sua carreira.
E Garrincha...

Dito e feito. Ele decidiu os jogos de quartas-de-final e semifinal, contra Inglaterra e Chile respectivamente, marcando dois gols em cada partida. Isso sem contar os dribles e fintas nos pobres defensores adversários.
Só que o jogo contra o Chile deixou uma sequela. Garrincha foi expulso e não poderia jogar a final. Mas o Brasil trabalhou bem nos bastidores e colocou o Anjo em campo contra a Tchecoslováquia. Na final, ele não marcou e nem brilhou. Mas sua presença foi um ânimo a mais para os brasileiros. Amarildo, Zito e Vavá fizeram os gols do título
O time era tão bom, mas tão bom, que não precisou nem de Pelé e nem de Garrincha em todos os jogos para ser campeão. Com os dois, seria covardia.
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* A coluna Domingueira do Pilat relembra os fatos que marcaram a história do esporte. Afinal, é preciso conhecer o passado para entender o presente e projetar o futuro.
Direto da Redação
Colunista: Ricardo Pilat
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