A Espanha conquistou, finalmente, o mundo do futebol. Com um gol histórico de Andrés Iniesta, aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação, a Fúria derrotou a Holanda por 1 a 0, neste domingo, no Soccer City, sagrando-se campeão mundial de futebol.Os espanhóis entram em um seleto grupo de países campeões do mundo, ao lado de Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, Alemanha, Inglaterra e França. Já a Holanda fica com o amargo gosto do tri vice-campeonato (1974, 19878 e 2010).
Os campeões do mundo
Brasil - 5 títulos
Itália - 4 títulos
Alemanha - 3 títulos
Argentina - 2 títulos
Uruguai - 2 títulos
Inglaterra - 1 título
França - 1 título
Espanha - 1 título
Pancadaria
Quem esparava um jogo aberto e de muita técnica no primeiro tempo teve de assistir a um espetáculo lamentável de pancadaria. As duas equipes abusaram dos pontapés. O árbitro Howard Webb distribuiu cinco cartões amarelos. E poderia ter dado o vermelho a De Jong, que exagerou na dose e deu essa voadora da foto ao lado.Com a bola rolando, poucas chances foram criadas. Na melhor oportunidade espanhola, aos 11 minutos, Villa bateu forte dentro da área e a bola bateu na rede, mas pelo lado de fora. A Holanda teve seu grande momento aos 36, mas Mathijsen foi o responsável por colocar a bola pra dentro e furou feio.
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Robben desperdiça chances
O jogo ficou um pouco menos violento na segunda etapa e as chances claras de gols surgiram. Primeiro, Capdevilla teve a bola na sua frente, aos dois minutos, na entrada da área, e furou, tal qual Mathijsen. Mas a maior delas foi holandesa. Aos 18, Robben recebeu lançamento de Sneijder, e ficou cara-a-cara com Iker Casillas. O camisa 11, porém, chutou no pé direito do goleiro espanhol.
Mais duas chances ainda na etapa complementar, uma pra cada lado. Aos 31, Xavi cobrou escanteio e Sergio Ramos cabeceou por cima do gol, livre. Aos 38, Robben saiu livre, em lance semelhante ao de 20 minutos antes. Dessa vez o craque holandês tentou driblar Casillas e foi igualmente parado.
O herói Iniesta
Veio a prorrogação e o time espanhol passou a dominar completamente a partida. Fábregas, que entrara minutos antes do final do tempo regulamentar, ditou o ritmo da Fúria em Joanesburgo, que teve algumas boas oportunidades para definir a conquista.Iniesta teve duas oportunidades, mas não chutou. Fábregas, com Villa livre, preferiu o chute e foi travado. Jesus Navas também chegou perto, mas a bola que desviou em Van Bronckhorst foi para fora.
Depois de bater o jogo inteiro, a Holanda ficou com um a menos na etapa final do tempo extra. O zagueiro Heitinga recebeu o cartão vermelho após falta em Iniesta.
Com um a mais em campo, a Espanha chegou ao gol da consagração aos 11 do segundo tempo da prorrogação. Torres mandou na área, a zaga holandesa afastou mal e a bola caiu nos pés de Cesc Fábregas. O camisa 10 rolou com açúcar para Andrés Iniesta. O herói do título mandou uma bomba e correu para o abraço.
O craque do Barcelona decretava ali que o mundo tinha um novo dono.
Ficha do jogo
HOLANDA 0x1 ESPANHA
ESTÁDIO: Soccer City, Johanesburgo, África do Sul
DATA E HORA: Domingo, 11 de julho de 2010, às 15h30 (de Brasília)
ÁRBITRO: Howard Webb (ING)
PÚBLICO: 84.490 pagantes
CARTÕES AMARELOS: De Jong, Van Persie, Van Bommel, Van Bronckhorst, Heitinga, Robben, Van der Wiel, Mathijsen (HOL); Puyol, Sergio Ramos, Capdevilla, Xavi (ESP)
CARTÃO VERMELHO: Heitinga, 4'/2ºTP
GOLS: Iniesta, 12'/2ºTP
HOLANDA: Stekelenburg; Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen, Van Bronckhorst (Braafheid, 15'/1ºTP); Van Bommel, De Jong (Van der Vaart, 9'/1ºTP) , Sneijder; Kuyt, Van Persie e Robben (Elia, 25'/2ºT). Tec: Bert Van Marwijk
ESPANHA: Casillas; Sergio Ramos, Piqué, Puyol, Capdevilla; Xabi Alonso, Fábregas (42'/2ºT), Busquets, Xavi, Iniesta; Pedro (Jesús Navas, 15'/2ºT) e Villa (Torres, intervalo da prorrogação). Tec: Vicente del Bosque
Comentários da Redação
Visão espanhola > Um trabalho de anos é coroado
> por Ricardo Pilat - ricardo.pilat@yahoo.com.br
Enfim, a Espanha mostrou sua força no futebol mundial. Campeão europeia em 2008 e do mundo 2010. Não há mais nada para se contestar no trabalho da Fúria. Trabalho que é do esporte espanhol e já vem de um bom tempo.A Espanha tem um dos melhores times de basquete do mundo, um dos melhores pilotos de F1 do mundo, o melhor tenista do mundo e agora tem o melhor time de futebol do planeta. Trabalho de base, sério, mostrando que é possível investir no esporte.
Um time que só tem craques para onde quer que você olhe. Xavi, Iniesta, Villa, Casillas... no banco ainda tem Torres, Fábregas... os que não são craques, ao menos, tem qualidade. Não é uma seleção de brucutus. Todo mundo sabe jogar.
E essa foi a grande diferença na decisão deste domingo, no Soccer City. O jogo foi muito fraco tecnicamente e a violência imperou. E a Holanda foi muito responsável por isso e utilizou essa arma para desestabilizar os espanhóis, que não souberam impôr o já conhecido jogo de toque de bola.
Mas na prorrogação a coisa mudou de figura. Com as equipes cansadas e com a Holanda repleta de jogadores com cartão amarelo, a técnica passou a prevalecer. Iniesta e Fábregas deram um show e poderiam até ter matado antes a partida.
Mas a dupla se recuperou de chances perdida e trabalhou bonito na execução do gol do título. Andrés Iniesta, sempre mortal no Barcelona, agora está imortalizado na História do futebol espanhol. E o cara joga muita bola!
A Espanha ganhou um título mundial sem dar show, como fizera em outros momentos. Foi eficiente, paciente e madura o bastante para fazer com que a qualidade fosse o diferencial nos momentos decisivos. E assim a Fúria entra na galeria dos campeões do mundo.
Conceitos
Casillas - ÓTIMO: Acho que foi o melhor em campo ao lado do Iniesta. Atuação impecável. Salvou pelo menos dois gols certos da Holanda. Fica aqui também com o prêmio de melhor goleiro da Copa, pelo menos pra mim.
Sergio Ramos - BOM: Atuação defensiva impecável e ainda se arriscou bem no ataque.
Piqué - BOM: Muito bem nos desarmes e antecipações. Só errou uma vez, naquela jogada que Robben chutou nos pés de Casillas.
Puyol - BOM: Muita raça e liderança. Falhou uma vez também, na outra perigosa jogada de Robben.
Capdevilla - REGULAR: Fez uma Copa muito segura, mas hoje teve dificuldades com Robben e foi muito discreto.
Xabi Alonso - REGULAR: Não estava no melhor dia. Tanto que foi substituído por Fábregas e o time melhorou 100%.
(Fábregas) - ÓTIMO: Não pode ser reservas de jeito nenhum. Cesc entrou e mudou completamente a partida. Deu o passe para um gol, mas dos seus pés poderiam ter saído mais dois, pelo menos.
Busquets - BOM: Como sempre, ficou mais na defesa e tratou de neutralizar Sneijder.
Xavi - BOM: Teve ótimos lampejos, apesar de não ter brilhado.
Iniesta - ÓTIMO: Ao contrário de seu companheiro de Barça, teve ótimos momentos e brilhou na hora decisiva. Marcou o gol do título e gastou a bola.
Pedro - REGULAR: Começou bem a partida, mas logo sumiu. Tomou o caminho do banco.
(Jesús Navas) - BOM: Entrou no lugar de Pedro e deu muito mais velocidade à Fúria. Não manteve o ritmo, mas foi importante.
Villa - PÉSSIMO: Um dos craques da Espanha na Copa, hoje foi mal. Muito apático. E perdeu uma chance incrível, que não costuma desperdiçar. Mesmo assim, não perdeu o brilho. Fez um Mundial fantástico.
(Torres) - REGULAR: Não foi o Torres que estamos acostumados a assistir no Liverpool. Mesmo assim, iniciou a jogada que resultou no título mundial.
Tec: Vicente del Bosque - ÓTIMO: Tenhp várias ressalvas quanto às opções do treinador, como por exemplo deixar Fábregas no banco. Porém, seu trabalho é excelente. Ele tem uma grande virtude, que é tentar brilhar menos que seus atletas. Joga quem está bem. Quem não está, sai. Sem teimosia. Isso é um trabalho coerente, e quemvem desde 2008. Sucesso mais do que merecido.
Visão Holandesa > O vice já está bom demais
> por Pedro Silas - pedro_sccp@hotmail.com
Sempre achei que a Holanda merecia um título mundial. Quase sempre foi uma seleção muito boa de se ver, com um futebol leve e ofensivo. E se ganhasse hoje da Espanha seria legal pela história que tem, mas não pelo futebol que jogou na Copa e muito menos nesta final.Claro que os holandeses foram eficientes, competentes, tem uma boa equipe. Mas convenhamos que eles também não pegaram quase ninguém até a final. O grande confronto foi diante do Brasil, mas foi longe de ser uma vitória convincente, e aconteceu muito também pela limitação e destempero dos brasileiros na etapa final.
Como eu disse após a vitória sobre o Uruguai, nas semifinais, a Laranja foi uma decepção pra mim. Está longe daquelas equipes que eu admirava. E a final de hoje provou isso. Foi um time extremamente truculento, com um futebol feio demais. Aliás, dá para chamar aquilo de futebol? Tentou ganhar na porrada e na base da individualidade dos seus dois principais jogadores: Robben e Sneijder.
Em dois contra-ataques, o jogador do Bayern de Munique teve a chance de castigar a falta de eficiência do adversário, mas não conseguiu. O futebol agradece. Apesar de só ter saído o gol da vitória na prorrogação, a Fúria foi a seleção que quis jogar bola e mereceu muito mais. O "trivice" ficou de bom tamanho para a Holanda.
Conceitos
Stekelenburg - BOM: Quando precisou trabalhar, fez duas ótimas defesas. Foi um dos melhores goleiros da Copa.
Van der Wiel - REGULAR: Segurou bem as pontas defensivamente, mas errou muitos passes.
Heitinga - PÉSSIMO: Todo atrapalhado, proporcionou lances bizarros. Foi merecidamente expulso.
Mathijsen - REGULAR: Mesmo sem fazer grande partida, passou mais segurança e foi um dos que mais desarmaram de forma leal pela Holanda. Na frente, foi bizarro ao furar em ótima oportunidade.
Van Bronckhorst - REGULAR: Assim como o lateral-direito, foi bem defensivamente, fez bons desarmes. Na saída de bola, entretanto, errou demais.
(Braafheid) - SEM CONCEITO: Entrou somente no final do primeiro tempo da prorrogação.
Van Bommel - PÉSSIMO: Violento sem a bola e muito mal com ela. Merecia expulsão.
De Jong - PÉSSIMO: Deu uma voadora no peito do Xabi Alonso em um lance ridículo no primeiro tempo. Era para vermelho direto.
(Van der Vaart) - SEM CONCEITO: Também atuou pouco, somente entrou na prorrogação.
Sneijder - PÉSSIMO: Nem o belo lançamento que deixou o Robben na cara do gol salva a atuação ruim do camisa 10 holandês. O que foi aquele chute ridículo do meio-campo, entregando a bola de graça para o Casillas?
Kuyt - REGULAR: Errou muito, mas ajudou também. Se movimentou bastante e voltou para marcar.
(Elia) - REGULAR: Ficou isolado no lado esquerdo e produziu muito pouco.
Robben - PÉSSIMO: Mais reclamou do juiz e simulou faltas do que jogou bola. Teve duas chances claras de marcar e as perdeu.
Van Persie - PÉSSIMO: Virou rotina nesta Copa dizer que ele ficou preso entre os zagueiros e não fez boa partida. E foi novamente assim. E com um agravante: até o camisa 9 partiu pra violência e fez falta feia em Busquets.
Téc: Bert Van Marwijk - PÉSSIMO: Seu time teve uma postura ridícula em campo. Violento demais, não quis jogar bola. E não conseguiu mudar isso nem mesmo no vestiário.
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