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terça-feira, 13 de março de 2012

Carta da Redação > Saída de Teixeira era a mais difícil das batalhas

Amantes do futebol brasileiro, é momento de comemorar. Depois de 23 anos no poder, Ricardo Teixeira (foto) não é mais o dono da bola no nosso país. Nesta segunda-feira, o dirigente utilizou uma carta lida pelo agora presidente interino da CBF, José Maria Marin, para comunicar a licença do cargo que exercia há quase um quarto de década.

A especulação que dava conta do fim da era Teixeira já vinha há quase um mês, porém, o manda-chuva do nosso futebol não quis dar crédito imediato aos jornalistas que noticiaram essa possibilidade pouco antes do carnaval. Atitudes como essa e a própria omissão do ex-presidente no momento do afastamento, sem ao menos ter coragem de ler o próprio discurso, só demonstram a figura que comandava a CBF: um ser humano frio, que dificilmente demonstrava sentimentos e que não gosta de aparecer nem de ser notícia.

Ele alegou motivos de saúde para sua saída, mas ao que tudo indica, Ricardo Teixeira quer mesmo ficar longe da mídia e das diversas denúncias que o sercam. Duvido até que ele continue mandando na Confederação Brasileira de Futebol a distância. Mais importante que o poder, neste caso, Teixeira quer a paz para administrar a fortuna adquirida ao longe de cansativos 23 anos.

E se o ex-presidente tem algum mérito nesse período, certamente não é na questão técnica do futebol brasileiro ou mesmo da seleção brasileira. É um total equívoco dizer que Ricardo Teixeira ganhou 2 mundiais com o Brasil e mais uma centena de títulos expressivos. Os jogadores ganharam, e apenas eles. Ou alguém aí sabe dizer algo que o "dono da bola" tenha feito efetivamente para que a Seleção fosse mais forte?

Falando dos nosso clubes, se aconteceu alguma evolução, ela se deu apenas após 14 anos de mandato, quando passamos a seguir a fórmula de pontos corridos e finalmente o Campeonato Brasileiro teve uma fórmula que garantisse atividade a todos os clubes por um ano inteiro, na Série A e B pelo menos. Evoluímos também nas tabelas, divulgadas com antecedência, porém, o calendário segue uma bagunça, quase sempre confrontando grandes jogos no Brasil com datas Fifa e torneios continentais.

Ah, mas Ricardo Teixeira tem sim dois grandes méritos. Pelo menos pessoais. O primeiro é sua capacidade de gestão financeira e administrativa, que transformou a CBF, uma entidade quase falida em 1989, em uma das mais ricas federações do mundo. Graças a sua incrível habilidade em negociar contratos com o único produto que RT confia, a seleção brasileira. O outro dos triunfos do ex-presidente é a forma como ele gerenciou as federação estaduais e os próprios clubes, para que todos fossem suas vaquinhas de presépio. Poucos ameaçaram bater de frente com o magnânimo. Nenhum obteve sucesso e os corajosos quase sempre voltavam para o rebanho com o rabo entre as pernas.

Enfim, colocadas todas essas constatações, nós, que lutamos tanto por esse momento, temos de comemorar. A saída de Ricardo Teixeira do poder não me parecia algo tão próximo, ainda mais em vésperas de Copa do Mundo. Aconteceu pois ele enfraqueceu como dirigente. Vencemos a mais dura das batalhas em prol do futebol brasileiro.

Mas a guerra continua. Não dá para confiar em José Maria Marín (foto), o "rouba-medalhas", muito menos em qualquer presidente de federação estadual. Estes, aliás, parecem estar longe de harmonia após a surpreendente mudança de rumo da CBF. O mais triste é que a luta que está por vir não é pelo bem do futebol, mas apenas por uma simples disputa pelo poder.

De qualquer maneira, abre-se um espaço para que alguém tente uma verdadeira mudança. Para que os clubes possam se mobilizar e tomar o poder. Criar a tão esperada liga, que tiraria a importância da CBF na organização do nosso calendário, e finalmente poderia oferecer o melhor para os jogadores, as únicas estrelas do espetáculo. Por que não?

Posso estar sendo otimista demais, mas sempre acreditei na seguinte frase: é a utopia que nos faz chegar nos lugares mais distantes, mesmo que não alcancemos o objetivo inicial.

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* A Carta da Redação é a coluna que reflete o posicionamento editorial do blog Redação do Esporte® em relação aos mais variados temas da atualidade no esporte.

Redator: Ricardo Pilat
pilatportasio@gmail.com.br

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