Há décadas nos deparamos e, em certa medida, achamos legal o tal “espírito de Libertadores”. Sempre se achou normal que qualquer time brasileiro que vá jogar no exterior sofra com o clima de guerra que é criado em torno da partida. Pedras voando, cusparadas da torcida adversária, bombas e demais artefatos.
Toda essa falta de segurança para jogadores e torcedores resultou no trágico acontecimento de quarta-feira. Antes de pensar em punir o Corinthians e também o San José – promotor do espetáculo e que deveria zelar pela segurança dos presentes – a discussão deve ser em torno de medidas sérias, que evitem que o mesmo incidente aconteça em outros campos de futebol.
Não adianta a Conmebol expulsar as equipes se semana que vem o tal “espírito de Libertadores” continuar prevalecendo. A entidade deve deixar de ser só uma elaborada de tabelas e coletora de patrocínios e se preocupar em preservar a integridade física de jogadores, torcida e demais profissionais.
Se não há condições de segurança nos estádios, que não tenham mais partidas lá. Que se proíba a entrada de pedras, facas, sinalizadores ou bombas. Se não for pelo lado humanístico e desportivo que a porcaria da Conmebol profissionalize suas competições pelo lado financeiro, de melhorar o produto.
Para finalizar, vou usar o mesmo exemplo da imprensa. O caso da “Tragédia de Heysel” – onde mais de 80 torcedores da Juventus morreram em um campo de futebol, não pelo aspecto da punição, mas sim pelo aspecto estrutural. A partir deste acontecimento mudou-se a visão de futebol na Europa e hoje os estádios não tem mais alambrados, são confortáveis, o torcedor é respeitado e os imbecis que causam confusões são severamente punidos. Tudo o que falta aqui nas canchas da América para evitar que mortes tornem a acontecer.
Nota: Aproximadamente às 23h30 de quinta-feira, a Conmebol soltou um comunicado em seu site referente à punição prévia ao Corinthians. De acordo com a entidade até o término das investigações da polícia boliviana, a equipe brasileira será obrigada a jogar no Pacaembu com os portões fechados (sem público) e nas partidas em que atuar como visitante está proibida a venda de ingressos para os torcedores do Corinthians. A previsão é que a investigação dure em torno de 60 dias, aproximadamente o tempo restante da fase de grupo da Libertadores.
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* A coluna En la Cancha fala sobre os principais assuntos do futebol sul-americano.
por Rodrigo Svrcek | @svrcek_rodrigo
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