Por Thiago Jacintho
| thi.jacintho@gmail.com
Foi como o tempo decorrido entre a autorização do
árbitro, a corrida do jogador e a batida na bola posicionada na marca da
cal dentro da área. Expectativa total e absoluta de ouvir um único
nome. Não qualquer nome e não com qualquer letra. Um nome que já
encantou Paris, Barcelona, Milão e torcedores do mundo todo. A letra
“R”, tão enfatizada pelos locutores de TV que já gritaram muitos
“Ronaldo”, “Rivaldo”, “Roberto Carlos”. Ronaldinho. Ou Ronaldinho Gaúcho
para os mais tradicionais. Cadê o nome dele?
Não houve.
O que
houve foi a hesitação. Depois o questionamento, seguido de imediato pela
incredulidade e finalmente o riso. Alguns de deboche, outros de
satisfação, mas certamente todos de perplexidade. O principal jogador
brasileiro em atividade no Brasil no momento não foi convocado para a
principal competição entre seleções do ano, uma prévia da Copa do Mundo.
O
mesmo sujeito que no domingo, junto aos seus companheiros do muito bem
encaixado Atlético Mineiro, massacrou o maior rival na final do
campeonato estadual. O mesmo sujeito que há menos de uma semana
comandava o atropelamento que o São Paulo sofreu na Libertadores.
O
“mesmo” foi o que não levou Ronaldinho à Copa das Confederações: por não
ser o mesmo. Ronaldinho Gaúcho nunca repetiu na seleção as atuações que
tinha nos clubes que jogava. Exceto por dois lampejos de genialidade
contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 2002, o atual camisa 10 do Galo
nunca justificou sua fama de jogador decisivo com a camisa amarelinha.
Isto é um fato e ninguém pode contestar.
O torcedor também não pode
dizer que Felipão não deu chances. Deu, sim, e deu muitas, diante do
contexto e da atual safra de talentos nacional. A principal – e última –
foi no último amistoso do Brasil, contra o Chile. Ronaldinho foi
convocado com louvores, foi titular e capitão, era para ser o maestro, o
protagonista. Não foi nem um, nem outro. Sequer chegou perto de ser.
E
isso aconteceu em todos os outros seis jogos do Brasil em 2002. Em
todos os cinco jogos do Brasil na Copa de 2006. Em 2010 ele nem foi
convocado. Não é coincidência ou implicância.
Aconteceu em Copa
América, das Confederações, amistoso. É notório que ele sente o peso de
ser o regente de um país inteiro. Ele se intimida e se apaga.
Na verdade, não é que Ronaldinho não foi convocado. Ele riscou seu próprio nome da lista.
Bernard, seu companheiro de clube, e a nova safra de talentos brasileiros agradecem. Sinceramente? Eu também.
Pontos positivos e negativos da convocação
por Helder Rivas | lendasdabola.blogspot.com.br | @LendasDaBola
Pontos positivos: a coerência. Felipão quer formar sua nova “família
Scolari” e provavelmente levará até o fim seus homens de confiança. Sua
base, a famosa “espinha dorsal” não foge de suas condições. Do
anteriormente contestado Julio Cesar até seu goleador Fred, ele chamou
muitos daqueles que já vinham sendo convocados por Mano Menezes e em
quem ele confiou desde seu primeiro jogo, mesmo com os recentes
resultados não muitos bons nos amistosos. A ausência de Ramirez, que por
enquanto especula-se ter sido justificada por algum problema extra
campo prova isso o quanto ele confia no grupo. O mesmo vale para
Ronaldinho e Kaká, veteranos que muitos vinham pedindo na seleção. Ambos
tiveram suas chances e não as aproveitaram. Paciência.
Negativos: a
mesma coerência que às vezes se transforma em teimosia e que todos já
conhecem de longa data. Muitos se apegam ao histórico não muito bom de
Ronaldinho com a seleção (salvo em 2002 quando se destacou sob o comando
do mesmo Felipão), mas ao contrário de Kaká, o Gaúcho vive uma fase
espetacular comandando o Atlético Mineiro. Uma fase que salvos o volante
Paulinho do Corinthians e os zagueiros Thiago Silva e David Luiz,
ninguém mais vive no momento. Nem mesmo a grande estrela do time,
Neymar, está tão em paz consigo mesmo como Ronaldinho Gaúcho.
Outro
ponto negativo se encontra na lateral direita, onde ao invés de convocar
alguém do ofício, preferiu apostar em um volante improvisado. Jean vem
jogando bem como volante no Fluminense há muito tempo, e como lateral
apesar de nunca comprometer a equipe, nem mesmo na época do São Paulo,
não se mostra como uma grande opção para a posição. Marcos Rocha do Galo
poderia ter uma chance principalmente por ser jovem, seria uma bela
oportunidade de se ganhar experiência e prepará-lo para o futuro.
No
final, não há muito do que se reclamar dessa convocação. Ela foi
coerente e bateu com o que se esperava e como citado mais acima,
conhecemos muito bem o técnico Felipão e sabemos o quanto ele valoriza
suas convicções. Agora só nos resta torcer e ver no que vai dar nessa
Copa das Confederações.
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* A coluna Esquadrão de Ouro analisa as novidades da seleção mais vitoriosa da história do futebol.
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