Jogo do Brasil é sempre uma grande alegria, uma satisfação comentar. A
seleção frequentemente joga partidas amistosas em seu próprio
território, angariando cada vez mais simpatizantes locais pelo seu
futebol, que entoam gritos emocionantes e apaixonados. Só que não.
Sei
que o foco do texto não deveria ser fatores externos, mas é impossível
não mencionar pelo menos dois fatos marcantes da estreia do Brasil na
Copa das Confederações, diante do Japão, neste sábado.
O primeiro
foi a efusiva vaia que a presidente Dilma Rousseff sofreu da torcida
presente no Mané Garrincha quando foi anunciar "oficialmente" o começo
da competição. Algo ensurdecedor e, ao menos pelo que já vi na minha
vida até hoje, inédito. A cara de coliformes fecais que a excelentíssima
presidente fez foi emblemática.
O segundo foi a apatia da torcida
com relação ao apoio ao time em campo. Foram poucos os gritos de
incentivo e o já manjado "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com
muito amor" deu as caras pouquíssimas vezes ao longo da partida. Mesmo
com os gols, pouco se ouviu das cadeiras numeradas, acolchoadas, fofas e
sensuais do estádio.
Com relação à partida, o Brasil dominou-a do
início ao fim. Os japoneses até finalizaram algumas vezes em direção ao
gol, mas nenhuma deu muito trabalho ao arqueiro, cujo lance mais
impactante na partida foram os olhos marejados na hora da execução do
hino nacional. Sem brincadeira, eu achei sensacional da parte dele.
Logo
no início da peleja, Neymar Junior, também conhecido como Menino Ney,
acertou um belíssimo chute e abriu o placar, dando a tranquilidade que a
seleção precisava para, finalmente, mostrar a todos como fluirá o jogo
do Brasil sob o comando de Felipão. Muito toque de bola e paciência deram o tom do comportamento da seleção no restante do jogo. Sim, do jogo.
O
Japão, cansado por ter jogado no meio de semana e feito uma viagem
longa até o Brasil, pouco fez, limitando-se a fechar os espaços e marcar
para evitar levar mais gols. No primeiro tempo isso deu certo, sendo
que nos últimos dez minutos da etapa inicial, os japoneses até ensaiaram
uma pressão.
No segundo tempo, logo no início também, Paulinho, o
volante-artilheiro, deixou o dele, após bela troca de passes. O gol foi o
golpe fatal no adversário, pois aconteceu justamente conforme o Brasil
gostaria, logo no início do segundo tempo, para já aniquilar a
empolgação adversária, natural em inícios de segundos tempos. Estudo da
Pilatos Soccer comprova: 100% dos times que viram o primeiro tempo
perdendo o jogo tentam empatá-lo no máximo nos cinco primeiros minutos
do segundo tempo. Pois é.
Novamente, como no primeiro tempo, o Brasil
se limitou a tocar a bola calmamente e ver o Japão se matar para honrar
sua camisa e perder de pouco. No final ainda acabou saindo o terceiro,
do atacante Jô, mas foi até pouco diante da superioridade da seleção
tupiniquim.
O Brasil volta ao gramado na próxima quarta-feira, às 16
horas, contra o México, em Fortaleza. E a Dilma pode ficar tranquila: a
competição realmente começou e a capital cearense é bem longe de
Brasília...
Conceitos
Julio Cesar - BOM: Nas poucas vezes em que foi exigido, foi seguro.
Daniel Alves - REGULAR: Equivocou-se e matou boas jogadas de ataque. Na defesa, não precisou fazer nada excepcional.
Thiago
Silva - BOM: Também não teve muito trabalho com o adversário. Destaque
para a tranquilidade costumeira, o que acaba dando mais segurança à
equipe como um todo.
David Luiz - REGULAR: Essa nota é mais pela
violência desproporcional e desnecessária que ele usou para marcar os
adversários do que pela sua atuação. Sinto que, se não mudar esse
comportamento, pode ser expulso em algum jogo importante e comprometer o
Brasil.
Marcelo - BOM: Boas tramas no ataque. Foi voluntarioso e chamou a responsabilidade várias vezes.
Luis
Gustavo - ÓTIMO: Marcador chato, carrapato, e acima de tudo, leal.
Muito bom passador de bola e, por ser tranquilo, é eficiente na
organização do meio de campo.
Paulinho - BOM: Se movimentou mais que
em outros jogos e apareceu no ataque desde o início, sendo fiel às
características que o levaram à seleção. Marcou o seu.
Oscar - REGULAR: Movimentou-se pouco e pouco fez.
Hulk - ÓTIMO: Apareceu bastante. Caiu bem pela ponta, fazendo boas jogadas, como manda o figurino que Felipão deu para ele.
(Hernanes) - REGULAR: Foi burocrático.
Neymar - BOM: Fez um golaço que o deixou mais à vontade no jogo.
(Lucas) - RUIM: Nem parece que entrou em campo. Não fez nada.
Fred - REGULAR: Mais bateu cabeça com a defesa do que qualquer coisa. Méritos por ter marcado bem a saída de bola dos caras.
(Jô)
- SEM CONCEITO: Por mais que tenha feito o gol, entrou no final, com o
time do Japão completamente entregue, mental e fisicamente.
Téc: Luis
Felipe Scolari - BOM: Deu mais liberdade ao Paulinho, deixando uma de
suas teimosias de lado. De resto, nada demais, o adversário não foi um
bom parâmetro.
Foto: Vip.comm
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* ÓTIMO, BOM, REGULAR, RUIM ou PÉSSIMO? No Comentário da Redação, você fica sabendo o que rolou nos principais jogos da rodada, incluindo análises individuais dos atletas.
Por Thiago Jacintho
| thi.jacintho@gmail.com
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