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terça-feira, 23 de julho de 2013

Tri do Morumbi > É hora de ser Corinthians

Acompanho futebol desde 1997, por influência do meu irmão e do meu pai, são paulinos fanáticos. Meu pai, o mais velho entre nós (lógico), sempre falou que a torcida do São Paulo é chata. Não chata como a do Palmeiras, que reclama de toda e qualquer coisinha, mas chata no sentido de ser exigente, de apoiar massivamente o clube somente quando este está jogando bem e com chances de ganhar títulos. Os rivais sempre disseram a mesma coisa, mas, claro, de forma jocosa. O apelido "modinha" foi dado para representar tal característica e apesar de eu ter por muito tempo relutado contra tal rótulo, atualmente eu tenho que concordar: realmente, é uma torcida de "modinha".

É difícil aceitar e eu concordo com os argumentos de que qualquer torcida tende a se apresentar mais em épocas de vacas gordas, mas o caso do São Paulo é crônico. A torcida não só deixa de ir ao estádio e prestigiar o time, como ela o abandona, literalmente. Ela não se envolve no contexto, não tenta ajudar em algo, não propõe uma abordagem diferente, não tenta entoar cânticos de apoio. Prefere se apoiar no imediatismo de criticar dois ou três maus jogadores e engrossar o coro vindo da antiga arquibancada laranja do Morumbi, que invariavelmente entoa frases ameaçadoras - o que mais atrapalha do que ajuda, na minha opinião.

Acontece que tal comportamento sempre surtiu efeito. De fato, o time melhorava depois do comportamento indiferente da maioria da torcida e então ela voltava a comparecer. Isso foi assim até o fim do último ano, onde uma equipe desacreditada (igual a atual) deu uma arrancada no segundo semestre e, graças ao Lucas, foi campeão da Sul-Americana e conseguiu vaga na Libertadores depois de três anos ausente.

O ano vigente começou e a empolgação do fim de 2012 predominava. As coisas iam bem, até começarem a as derrotas. Derrotas incomuns. Humilhação para o Galo na Libertadores, eliminação para o Corinthians no Paulista (mais uma vez), derrota na final da Recopa, novamente para o maior rival, aumentando as estatísticas que o torcedor alvinegro irá ressaltar quando for oportuno, sem dúvida.

E então o que era somente uma má fase, virou uma crise. E o que era um crise, se tornou a pior crise da história do São Paulo Futebol Clube. Sete derrotas consecutivas, sendo quatro delas no Morumbi. Dez jogos sem vencer, sendo a última vitória contra um time que, naquele momento, estava tão mal quanto nós estamos, o que, para mim não é um bom parâmetro. A equipe fechou a nona rodada do Brasileiro há apenas uma posição da zona de rebaixamento e só não está lá porque a Ponte Preta não jogou e, portanto, não somou o único ponto necessário para nos colocar lá.

Não estou dizendo que figurar na zona de rebaixamento é desesperador. Nós mesmos estivemos lá em 2005, o ano do tri da Libertadores e Mundial. Isso é comum com clubes que disputam competições em mata-mata ao mesmo tempo que o campeonato nacional.
A questão é que o São Paulo não está disputando nada além do Brasileiro (na Recopa foram só dois jogos, nem conta, vamos ser sinceros), e se encontra em tal situação. É preocupante.

No último final de semana, aconteceram fatos que só agravaram o já vexatório cenário: derrota por goleada em casa, com três gols de um jogador de talento questionável e confusões entre torcedores comuns e torcida organizada na porta do estádio. Aliás, confusão, não: opressão das organizadas aos torcedores comuns.

Findado o jogo contra o Cruzeiro, alguns torcedores comuns, chamados carinhosamente de "modinhas", foram até o portão principal do estádio e cantaram palavras de ordem contra Juvenal Juvêncio, presidente do clube e um dos maiores responsáveis pela atual condição do time. Eis que chegou a comitiva das torcidas organizadas e ordenou (ORDENOU) que parassem de ser cantados hinos contra o Juvenal e passaram a entoar seus próprios gritos, a maioria deles criticando jogadores do elenco, sendo os principais Luis Fabiano e Ganso.

Como se não bastasse tal cena escrota, ontem houve um churrasco na sede do São Paulo (algo totalmente fora do propósito) e membros das organizadas estavam presentes. Em um dado momento começou uma discussão entre alguns "modinhas" e Juvenal Juvêncio. De imediato os membros da organizada interviram e, não só apoiaram novamente o mandatário tricolor, como tentaram agredir os "modinhas" que protestavam, exercendo seus direitos. Pode-se questionar se um churrasco de confraternização é o melhor lugar para se peitar um dirigente, mas eu digo o seguinte: não é hora de fazer churrasco nenhum, convenhamos.

Ou seja, para mim ficou claro que Juvenal Juvêncio conta com as organizadas como cães de guarda, prontas para calar qualquer manifestação contra sua pessoa e decisões a frente do clube. Ambos têm interesses envolvidos e ambos estão pouco se lixando para a situação do time. Eles estão preocupados consigo mesmos. Eu não acredito em nada além disso.

Quem realmente está preocupado com o time são os jogadores, que vivem dele, e os torcedores comuns, os "modinhas", que torcem pelo clube porque o amam e não porque terão a chance de participar de um churrasco com a diretoria e terão vários privilégios dentro do clube por serem membros de uma torcida organizada.

Com isto posto, proponho algo que, pelo menos desde 1997, eu nunca vi: o apoio incondicional aos jogadores do time. Concordo que tem uns caras ruins demais, mas eles estão no mesmo balaio que nós, estão no meio do fogo cruzado de grupos de pessoas com interesses pessoais.

É hora de apoiar e incentivar sem querer algo em troca, sem esperar o time reagir e ganhar jogos, sem a possibilidade de conquistar um título. É hora de agir feito torcedor do Corinthians, que se auto-proclama fiel, que historicamente foi ridicularizado por se contentar com títulos de menor expressão, como os estaduais - o que de fato acontecia -, é hora de gritar pelo TIME e não engrossar gritos com insultos a rivais e palavras de ordem e violência. É hora se sermos o que somos: torcedores. Aliás, somos a terceira maior torcida do Brasil. Sinceramente, somos maiores do que torcida organizada. Bem maiores.

Façamos diferente desta vez, ficando lado a lado àqueles que no proporcionaram muitas alegrias ao longo de nossas vidas e quem realmente representa o São Paulo Futebol Clube. Isso nunca aconteceu e a hora é agora. Temos a chance de mudar um paradigma histórico.

Você pode até dizer que eu tô por fora, ou então que eu tô inventando. Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem, como diria Elis Regina.

Sempre, sempre. Sempre seremos São Paulo Futebol Clube. Somente nós o seremos.

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* A coluna Tri do Morumbi analisa as novidades do único clube brasileiro tricampeão do mundo.

Por Thiago Jacintho | thi.jacintho@gmail.com

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