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sábado, 21 de dezembro de 2013

Histórias da Semana > O que poucos notaram (a revolução de Alá)

Certo, o Galo tomou um belo “sapeca-iáiá” do Raja Casablanca. Isso todos viram. O clima de festa e de “já ganhou” dos jogadores brasileiros não se fez jus dentro de campo e, sem pestanejar, não é besteira dizer que eles realmente mereceram a derrota. Agora, por que certas pessoas tendem a não admitir (ou ao menos demorar) as qualidades do adversário?

Claro, o time marroquino se fez valer da força da torcida, por ser “o time da casa”. O embalo das noites árabes-marroquinas fez o país se unir num canto uníssono pelo time do Vox Populi. Dadas essas condições, mas agora olhando pelo lado técnico: por mais que o Atlético Mineiro tenha dado as chances, não se pode menosprezar a qualidade dos marroquinos. Diferente do que foi o lendário Mazembe de Kidiaba, que jogou contra o Inter em 2010 por apenas uma chance de gol (que viraram duas, diga-se), o Raja surpreendeu mostrando uma espantosa determinação tática firme, criando um contra-ataque perigoso atrás do outro. Poderiam ter feito uma vantagem ainda maior! Mas eles ainda estão verdes demais para perceberem melhor as chances que criaram e perderam por pura inocência ou displicência.

Eles não tem nenhum jogador genial, mas não é um time formado por atletas amadores, como eram vistos as pouco tempo. O simples fato de um time que mesmo sofrendo pressão do adversário se recusou a dar um reles chutão pra frente e todas as bolas ganhas na defesa foram passada ao ataque na base do toque de bola, mostra isso, quebrando qualquer argumento contra. E o ultimo gol, aquele que matou o jogo, veio com requintes de crueldade, digno dos rachões de fim de ano disputados nas límpidas areias da Praia Grande.

Poucos estão percebendo a evolução do futebol em países do Oriente Médio e da Ásia. Estão cada vez mais investindo em atletas e técnicos tanto da América do Sul quanto da Europa não apenas para poderem se divertir assistindo, como certos países fazem até hoje. Eles estão fazendo isso pelo intercâmbio cultural, para aprender e tirar o melhor dos dois mundos. Tirando as seleções mais “tradicionais” do centro-sul africano (impossibilitadas de maiores investimentos, por motivos óbvios), o que era o Marrocos no mundo da bola 20 anos atrás? O que era o Japão? Ou mesmo nos Estados Unidos? O que havia de cultura futebolística nos Emirados Árabes ou na China?

Obviamente a evolução é lenta e provavelmente o Raja será massacrado pelo Bayern de Munique na final (apesar de que tudo é possível no futebol, mas enfim...), mas não é de hoje que os times da América do Sul passam por dificuldades contra essas equipes. O futebol que seus times vem apresentando vai chegando aos poucos nas suas seleções e uma hora haverá algum resultado surpreendente, seja dos clubes ou das seleções. Venha do Oriente Médio, da Ásia, África ou dos Estados Unidos, o dia em que uma equipe fora do “eixo” América do Sul e Europa atingirá sucesso irá chegar. E quem sabe esse dia não está mais próximo do que imaginamos? Salaam Aleikum.

Ode a uma lenda

Na história do futebol, desde seus primórdios, já vimos diversas demonstrações de amor, carinho e respeito por determinados jogadores. Mas até hoje, essas demonstrações haviam sido feitas apenas por torcedores. A emblemática cena dos torcedores mexicanos deixando Pelé, Tostão e os jogadores da seleção de 70 praticamente nus em campo, reverenciando-os como deuses, até foi vista em outras ocasiões.

E justamente nesse jogo catastrófico entre Galo x Raja, os atletas marroquinos proporcionaram ao mundo uma cena de idolatria tão grande que emocionou qualquer fã do esporte que a viu. Idolatria tão grande que os jogadores do Raja impediram Ronaldinho Gaúcho de sair de campo junto de seus companheiros.

Idolatria que os fez exigir que sua torcida o aplaudisse. Idolatria que os fez se ajoelhar perante um dos grandes deuses recentes do futebol, pegando suas chuteiras que pelas suas próprias palavras, já irão valer mais do que qualquer título ou qualquer troféu de Bola de Ouro.

Que os simples gestos e a humildade dos marroquinos nos lembrem do que é feito o futebol. Já que nos dias de hoje, nós, habitantes do “país do futebol”, parecemos esquecer cada vez mais da sua verdadeira face em detrimento dos julgamentos e decisões extra campo, da corrupção e da violência das “torcidas”.

Confira abaixo o vídeo desta cena:

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* A coluna Histórias da Semana fala dos momentos do esporte que ficaram marcados, seja por uma semana, seja por um dia, seja para sempre.


por Helder Rivas | @HelderRM

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