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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Tri do Morumbi > Eu e Muricy, Muricy e eu

Victor Mesquita (de vermelho) sempre ao lado do ídolo Muricy
(Foto: Montagem/ Fernando Pilat)
Bem amigos do Redação do Esporte, falo diretamente do meu subconsciente para contar a vocês uma história que venho aguardando o momento certo para contar. E ele chegou!

Quem acompanha meus textos aqui no blog sabe que eu havia dito que caso o Muricy Ramalho livrasse o São Paulo do rebaixamento ele entraria no H.I.I.V.M. (Hall de Ídolos Intocáveis do Victor Mesquita). E o que significa fazer parte do H.I.I.V.M.? Significa que esse personagem terá minha admiração, gratidão e respeito eterno independente do que ele venha fazer no futuro. Quem já faz parte do H.I.I.V.M.? Rogério Ceni, Raí, Muller, Tele Santana e agora Muricy Ramalho.

A história do Muricy com o São Paulo começou no início da década de 70, mas comigo apenas em 2006. Eram outros tempos, o São Paulo vivia uma época ímpar em sua história e a sua volta ao clube não poderia ter sido em melhor momento. Lembro que seu começo foi muito promissor, conseguiu levar o time a mais uma final de Libertadores antes da pausa para Copa do Mundo daquele ano. Mas a vida do São Paulo e a minha mudaram bastante pós Copa. Perdemos o título para o Internacional praticamente em casa após derrota de 2x1 em pleno Morumbi. Definitivamente foi uma tragédia que poucos são-paulinos esperavam. Eu também tive uma tragédia inigualável na minha vida nesse período. De um dia para o outro perdi meu pai.

Na época acabei criando uma relação platônica afetiva com o Muricy por dois motivos: O primeiro foi o exemplo que ele me passou com a volta por cima que ele conseguiu aquele ano no São Paulo e seu jeito ranzinza cômico, que lembrava muito o jeitão do meu pai. Às vezes eu preferia assistir as entrevistas coletivas dele pós-jogo do que o próprio jogo, ainda mais que naquela época o São Paulo praticava o bom Muricybol. Muricybol = Retranca + Gol de bola parada.

Os anos foram passando com ele no comando do Tricolor e as histórias de superação dele se repetiam. Aquilo para mim era extremamente inspirador. Tinha também uma forte admiração pelo seu caráter. Nunca o conheci pessoalmente, mas, pelo que acompanhava na mídia, parecia ser um cara descente, qualidade difícil de encontrar no mundo do futebol.

Sua demissão em 2009 foi uma das maiores decepções que eu já tive com o São Paulo. Lembro que soube da demissão por um amigo que era meu vizinho. Ele foi até em casa dar a notícia, muito porque ele sabia da minha relação com o Muricy.

Tinha certeza que o tempo iria provar que a decisão foi uma das maiores imbecilidades na história tricolor. Vejam, nesse hiato de 4 anos Muricy Ramalho ganhou mais um Brasileiro, uma Libertadores e dois Paulistas. E o que o São Paulo ganhou? Uma Sul-americana em 2012 com um time carregado pela genialidade do Lucas.

Quando em 2013 as arquibancadas do Morumbi gritavam por Muricy no lugar do Ney Franco eu sentia que havia chegado a hora do seu retorno. Era de emocionar! Nunca tinha visto uma torcida com uma relação tão forte com um treinador. Na verdade já, a própria torcida são-paulina com Tele Santana. Desculpem os demais torcedores, mas essa relação de gratidão e admiração por treinadores é exclusiva do São Paulo.

Poxa, esse era o momento, time em queda livre para o rebaixamento, a torcida gritando seu nome, era agora a volta épica de Muricy Ramalho ao São Paulo. Só havia uma pessoa que poderia estragar com tudo isso: Juvenal Juvêncio. E ele não teve dúvidas, estragou! Trouxe Paulo Autuori.

Que? Paulo Autuori????

Nada poderia ser mais decepcionante que isso. Esse fato me lembrou a transmissão épica de Cléber Machado numa vitória do Schumacher na F1, o famoso “Hoje não! Hoje sim?” Não lembra? Reveja aqui.

Depois dessa voadora que a diretoria deu no estômago da torcida, nos restava se unir e fazer nossa parte para evitar o que parecia inevitável. Dois meses se passaram com Autuori e o fim parecia certo. A gente simplesmente não ganhava nenhum jogo! Nunca, como torcedor do São Paulo, tive tanta vergonha do time.

Esse momento obrigou a Juvenal descer do seu altar de prepotência e ouvir a nação são-paulina, que sempre soube o que era melhor para o clube. Muricy voltou num momento onde o São Paulo estava na UTI contando os dias para o falecimento. Só um milagre salvaria e salvou!

Logo as vitórias voltaram, Maicon começou a jogar bola, surgiu um valente Rodrigo Caio zagueiro, Ganso renasceu das cinzas (Entendeu a piada? Analogia com a Fênix?). O milagre seria Muricy Ramalho? Não! Como ele diz “aqui não tem milagre, aqui é trabalho meu filho!”.

E foi com o bom e velho “Aqui é trabalho, meu filho” que o São Paulo se salvou. Porra, como não admirar ainda mais um cara desses? Graças a ele podemos dizer: “Time grande não cai!”.

“Ah Victor, mas se ele ir treinar um time rival ou for mal o ano que vem, sua opinião não vai mudar?”
Porra, até no meu texto emotivo você vem me perseguir? Mas respondendo a sua pergunta, ele já treinou dois rivais e a admiração não mudou. E como disse no início do texto, a pessoa quando entra no Hall de Ídolos Intocáveis do Victor Mesquita pode errar para o resto da vida que sempre defenderei e terei uma gratidão eterna.

“Ah Victor, isso não existe! Você está escrevendo bêbado de novo!”

Pois é exatamente essa descrença que separa os são-paulinos dos demais torcedores. Coitado do Rivellino e sua relação com a torcida corinthiana...

Caro leitor, essa é a minha história com Muricy Ramalho. Ainda nutro a esperança de um dia poder conhecê-lo pessoalmente, quem sabe... De qualquer forma, seja bem vindo ao meu Hall de Ídolos Intocáveis.

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* A coluna Tri do Morumbi analisa as novidades do único clube brasileiro tricampeão do mundo.


por Victor Mesquita
| @victor_mesquita

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