Clinch > Sob os comandos do "pai" Dedé, Aldo e Barão mantêm os títulos para o Brasil

Poderia ser uma noite trágica para nós brasileiros, como eu e meus amigos de Redação comentamos no pré-evento. O apocalipse das perdas dos nossos dois títulos citados por Ricardo Pilat, graças aos deuses do MMA, não aconteceu e o Brasil segue firme e forte entre os campeões do UFC.

Mas vamos começar pelo grande personagem da noite. Aldo? Lamas? Barão? Faber? Félix? Não, nenhum dos cinco. O ator principal do UFC 169 foi Dedé Pederneiras. Dono da maior e única academia do mundo do MMA a ter dois campeões no UFC, o treinador pode ser considerado o pai de Renan Barão e José Aldo. Ele é muito mais que um treinador para os dois campeões, ele é um verdadeiro mestre, e ele colocou nessa noite de sábado toda a sua honra em jogo. Ou sairia mais consagrado do que nunca ou sairia sem nada nas mãos. Mas a sua competência é maior que a de qualquer outro treinador de MMA.

Na primeira batalha da noite, Dedé levou José Aldo ao octógono e como um motorista dirigindo o seu carro, ele "pilotou" o seu lutador e previu absolutamente tudo o que Ricardo Lamas, o desafiante, viria a fazer. Aldo com a sua competência de sempre ouviu seu treinador em todos os minutos e demonstrou tranquilidade, não perdeu o foco e deixou com que seu talento falasse mais alto.

Não foi fácil. Ao contrário do que eu pensava e comentei na Rádio da Redação, Lamas foi uma dureza para o nosso campeão, e até fez com que Aldo passasse certos apuros nos últimos minutos de luta, levando o brasileiro para o chão. Mas foi o máximo que conseguiu e, com toda certeza, ele saiu da arena em Nova Jersey diretamente para uma loja de muletas após o golpes duros que o Júnior acertou em suas pernas. Estava aí cumprida a primeira missão de Dedé na noite e pelo menos um título estava mantido.

Mas faltava a cereja do bolo, o tempero final da noite da consagração. Mal teve tempo de comemorar a vitória de Aldo e o mestre teve que voltar aos vestiários. Dessa vez para "pilotar" o recém promovido campeão linear dos galos (com todo o merecimento), Renan Barão. Do outro lado uma verdadeira pedreira que Dedé já havia vencido duas vezes (uma com Barão inclusive).

Ele sabia o caminho, mas Urijah Faber prometia ser um obstáculo no "carro" de Dedé (foto, ao centro). Mas apenas ficou na promessa mesmo, porque fazer o que tinha prometido seria praticamente impossível para o Califórnia Kid, que tentou e até começou a luta bem, mas foi brecado por um monstro do outro lado. Com diretos fenomenais, Barão deixou o americano contando carneirinhos e continuou com o outro título brasileiro.

Missão dada para Dedé Pederneiras, missão cumprida com sucesso pelo treinador que no dia 7, com todo o merecimento e um pouco mais, deve ganhar o Oscar de melhor treinador de MMA do mundo. Não tem pra ninguém, é de fato o melhor, um verdadeiro "pai" de campeões, não só no UFC, mas também em outros grandes eventos como o Bellator, onde treina o campeão dos galos, Dudu Dantas.

Overeem vence

A noite também contou com o renascimento do "bombado" Alistair Overeem. Parece que sua ida a Tailândia para se refazer como lutador fez muito bem ao homem dos anabolizantes. Tudo bem que o atual Frank Mir não é parâmetro pra ninguém, mas o holandês passou o carro no ex-campeão. Desconfigurou seu rosto. Bateu três rounds seguidos e por incrível que pareça, teve gás para fazer isso. Venceu por decisão unânime e ganhou sobrevida no UFC. Agora, deve ter pela frente uma luta aguardada por muitos contra o nosso ex-campeão, Júnior Cigano.

Tivemos mais dois brasileiros na noite. John Lineker que mais uma vez não bateu o peso de primeira perdeu para Ali Bagautinov a chance de disputar o título dos moscas, sendo derrotado por decisão unânime. Já Alan Nuguette, venceu o canadense John Makdessi por pontos em uma luta muito boa. Outro destaque da noite foi o nocautaço aplicado por Abel Trujillo em Jamie Varner.

Futuro

Antes de terminar o texto, gostaria de dizer aos leitores que já tem dia para o cinturão do médios voltar para o Brasil. Vitor Belfort passará o carro em Chris Weidman dia 24 de maio em Las Vegas. E não acaba por aí. Na coletiva pós UFC 169, Aldo reafirmou seu desejo de enfrentar o campeão do leves Anthony Pettis. Imediatamente, Dana White recebeu mensagem de Pettis que também afirmou que deseja enfrentar Aldo. O chefão confirmou na hora a luta que valerá então o título dos leves. José Aldo terá que deixar o cinturão dos penas e caso perca a disputa dos leves, tem a garantia do Big Boss de que poderá lutar imediatamente pelo título dos penas novamente. O octógono vai tremer demais esse ano!


Confira os resultados do UFC 169:

CARD PRINCIPAL
Galos: Renan Barão (BRA) venceu Urijah Faber (EUA) por nocaute no 1º round.
Penas: José Aldo (BRA) venceu Ricardo Lamas (EUA) por decisão unânime.
Pesados: Alistair Overeem (HOL) venceu Frank Mir (EUA) por decisão unânime.
Moscas: Ali Bagautinov (RUS) venceu John Lineker (BRA) por decisão unânime.
Leves: Abel Trujillo (EUA) venceu Jamie Varner (EUA) por nocaute no 2º round.

CARD PRELIMINAR
Leves: Alan Patrick (BRA) venceu John Makdessi (CAN) por decisão unânime.
Moscas: Chris Cariaso (EUA) venceu Danny Martinez (EUA) por decisão unânime.
Médios: Nick Catone (EUA) venceu Tom Watson (ING) por decisão dividida.
Leves: Al Iaquinta (EUA) venceu Kevin Lee (EUA) por decisão unânime.
Médios: Clint Hester (EUA) venceu Andy Enz (EUA) por decisão unânime.
Leves: Rashid Magomedov (RUS) venceu Tony Martin (EUA) por decisão unânime.
Meio-médios: Neil Magny (EUA) venceu Gasan Umalatov (RUS) por decisão unânime

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* A coluna Clinch traz a análise dos principais eventos de artes marciais do planeta.

por Fernando Borchio | fernando.borchio@hotmail.com