Paddock da Redação > Os motores voltam a roncar em 2014, menos para a Red Bull

Acabou a fase de pré-temporada da F1. Daqui a 12 dias as equipes estarão na Austrália para a primeira prova do calendário. Por isso, eu vou fazer um resumo de tudo o que aconteceu durante a pré-temporada.  E como é época de carnaval, vou imitar o Zulu (locutor da apuração) e “enquadrar” as equipes nos seguintes quesitos: Harmonia, Evolução e Alegoria.

Harmonia, nota: 10

Todo o começo de ano todas as expectativas giram em torno de qual equipe desenvolveu o melhor carro e qual será o principal candidato a tirar a supremacia de Sebastian Vettel.  Neste ano, além as mudanças aerodinâmicas tem também a volta dos motores V6 que são mais econômicos e que foram o grande “X” da questão até agora.

As equipes Mercedes, McLaren, Williams e Force India foram as que conseguiram a melhor nota no quesito harmonia de carro e motor. E o que elas têm em comum? Todas são equipadas com motores Mercedes, que deu um show de confiabilidade e se mostrou rápido o bastante para superar as montadoras rivais.

O destaque pessoal vai para o brasileiro Felipe Massa. Ele que saiu bem em baixa da “Unidos da Ferrari” e chegou sob desconfiança à “Acadêmicos de Groove”, porém pilotando o carro que até agora foi a maior surpresa do ano, o piloto foi o mais rápido de todos os testes feitos no Bahrein. Além de veloz, a Williams ainda foi a segunda equipe que mais completou voltas no circuito do Oriente Médio, se mostrando muito confiável e abrindo boas perspectivas para o restante do ano.

Evolução, nota: Zero

A pré-temporada existe para que as equipes testem na pista, os elementos tecnológicos e aerodinâmicos dos carros. E a Red Bull foi, provavelmente, a equipe que menos mostrou evolução nesse quesito. Então, nota zero para Cristian Horner e cia.

Se fosse uma escola de samba, poderíamos dizer que os “carros alegóricos” da “Estação Primeira dos Energéticos” ficaram no barracão e não foram à avenida desfilar. Vettel deve estar realmente preocupado com a situação, pois a cada dia de teste era um novo problema que aparecia e não deixava carro ir à pista. Primeiro foi o motor Renault – que prejudicou Toro Roso e Lotus também – depois foi o problema de superaquecimento do motor e a falta de efetividade da carenagem que era responsável por ajudar a refrigerar o motor. Com isso, a Red Bull foi a equipe que menos andou durante a pré-temporada.

Aliás, o grande mico da pré-temporada foi mesmo o motor Renault. O equipamento foi motivo de reclamação de todas as equipes que usam o propulsor para empurrar seus carros para frente. Ou seja, a grande disputa deste início de temporada será entre as equipes que tem motor Mercedes e os que são equipados com Renault, com vantagem para todas as equipes que usam o motor alemão.

Quem também tem motivos para ficar preocupada é a “dupla explosiva” da Ferrari. A famosa equipe vermelha ficou, literalmente, no meio do caminho. Alonso e Raikkonen conseguiram dar mais voltas do que seus “amigos” das Red Bull, mas, em desempenho, ficam bem abaixo de Williams, Mercedes, McLaren e até da Force Índia. Em resumo, há muito trabalho a fazer em Maranello.

Alegoria, nota: Zero

Incomodado com a supremacia da Red Bull e a pasmaceira que vinha tomando conta da Fórmula 1, “Tio Bernie” resolveu inovar nas mudanças para essa temporada. Além exigir a mudança para um motor mais econômico, ele decidiu mudar as regras aerodinâmicas dos carros. Agora com a exigência de um bico frontal mais baixo (para evitar acidentes mais graves em colisões em “T”). Porém as equipes apelaram para as mais “criativas” saídas para atender ao regulamento. Bicos “gonzo” e tamanduá, dominaram a estética das equipes, mas a Caterham se superou: Fez um gambiarra no carro do ano passado, e ficou com o carro mais feio do grid.

Agora é esperar os primeiros treinos e a corrida de Melbourne para saber se as equipes evoluíram e se os resultados da pré-temporada são enganosos ou não. Afinal, a Austrália é logo ali...

_____________________________________

* A coluna Paddock da Redação traz bastidores e análises da Fórmula 1, a principal categoria de automobilismo do mundo.


por Rodrigo Svrcek | @svrcek_rodrigo